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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Afonso Botelho

 

Escritor português, nasceu no ano de 1919, em Bencanta, Coimbra, e faleceu em 1996. Foi aluno de Leonardo Coimbra no liceu, já depois de encerrada a Faculdade de Letras do Porto, na qual este último foi director e professor. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa em 1950, depois de ter frequentado as Faculdades de Direito de Coimbra e Lisboa. A sua obra abrange o ensaio filosófico e a ficção, havendo ao presente três obras inéditas neste último género: As Donas Chamam (novela), A Morte em Férias (contos) e Família Imaginária (contos).

Afonso Botelho pertenceu à escola de filosofia portuguesa que foi o movimento da "Renascença Portuguesa", onde participaram, entre muitos outros, Leonardo Coimbra e Teixeira de Pascoaes, seguidos, de algum modo, por Álvaro Ribeiro e José Marinho - estes últimos foram os mestres de Afonso Botelho.

Foi com base na doutrina de D. Duarte (sobre o qual realizou a sua dissertação para conclusão de licenciatura) e na de Teixeira de Pascoaes que se lançou no estudo do tema que mais o viria a interessar: a saudade.

Para Afonso Botelho a saudade é um sentimento que se caracteriza essencialmente como ausência e que culmina na sua forma mais radical: a morte. Para que a saudade não se confunda com uma simples ligação ao passado, Afonso Botelho esclareceu que o que a caracteriza essencialmente é a sua relação com o tempo, pois permite a sua anulação, implicando a reintegração deste na origem, na eternidade. Deste modo é anulada a partição do tempo em passado e futuro, através da faculdade eminentemente operativa que é a saudade. O homem é entendido como um ser que se sente e sabe separado da origem - Deus - e que, através desse mesmo sentimento, retorna, ou pode retornar, ao paraíso perdido.

A saudade é definida como sentimento, na medida em que o pensamento se situa não só na razão mas também no coração e é precisamente este sentimento que permite aos seres transcender os limites do tempo cronológico.

O primeiro movimento da saudade, nesta caminhada do tempo para o eterno, é o desejo, ao qual a lembrança, enquanto memória da origem ou primeira imagem , orienta para a sua completa reintegração em Deus. A saudade é, assim, entendida como forma dialéctica da relação do mesmo para o outro, do homem para Deus, que é, simultaneamente, movimento de Deus para o homem.

Afonso Botelho desenvolveu três teorias na sequência da sua reflexão sobre a saudade: a teoria do tempo, do amor e da morte.

Na sua teoria do tempo aprofundou essencialmente a noção de que a saudade permite a reintegração do tempo na eternidade de Deus, deixando de haver a distinção entre passado e futuro, já que, na sua relação com o eterno, eles se equivalem. Na teoria do amor desenvolveu a noção de mónada amorosa e a ideia de que "cada um dos amantes procura a essência do outro como mesmo" (A. Braz Teixeira, in Logos, Botelho, Afonso ). Finalmente, na teoria da morte tratou a ideia de que a morte é a forma mais radical que a saudade assume, revelando o sentimento da ausência e, desse modo, extremando no ser a possibilidade ou, mais propriamente, a necessidade da sua reintegração no eterno. Deste modo, a morte surge aqui como princípio radical do conhecimento, pois surge como mistério.

Como referenciar este artigo: Afonso Botelho. In Infopédia 

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Afonso Alvares Guerreiro

 

Afonso Alvares Guerreiro (?, Almodôvar - 1577) foi um escritor português. Dispõe-se de pouca informação sobre ele, mas sabe-se que foi Doutor em Direito Civil e Canónico. Passou por Itália onde, em plena época do Renascimento, foi presidente da chancelaria de Nápoles e do bispado de Monopoli, cargo para o qual foi nomeado em 1571. Deixou várias obras em latim.

Links:

 

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Adolfo Simões Müller

 Adolfo simões Muller

Nasceu em Lisboa, em 1909 e faleceu em 1989.

Foi secretário de redacção do jornal Novidades; fundou, na década de 30, o jornal infantil O Papagaio - que dirigiu até 1941 - , tendo dirigido ainda outro jornal infantil - Diabrete.

Foi director do gabinete de estudos de programas da Emissora Nacional, e produtor de programas para a rádio, entre os quais programas de teatro radiofónico.

Escreveu livros para adultos, mas foi a literatura infantil que o celebrizou.

Adaptou muitas biografias de pessoas importantes na história da humanidade, ( Camões, Miguel de Cervantes, Hans Christian Andersen, Gago Coutinho, Florence Nightingale e muitos outros) numa linguagem fácil de entender por crianças e jovens.

mil e uma noites

Publicou, entre outros, os seguintes livros infantis:

Caixinha de brinquedos,1937 - Prémio Nacional de Literatura Infantil

O Feiticeiro da Cabana Azul, 1942 - Prémio Nacional de Literatura Infantil

Historiazinha de Portugal, 1944

Aventuras de Trinca-Fortes: Pequena História de Luís de Camões e do seu Poema, 1946

D. Maria de Trazer por Casa, 1947 - peça de teatro

O Livro das Fábulas, 1950

A Primeira Volta ao Mundo, 1971 - Prémio Nacional de Literatura

Recebeu, em 1982, o Grande Prémio de Literatura Infantil da Fundação Calouste Gulbenkian.

Fonte: Escritores de Sonho(s) - Autores

Mais informação em: pt.wikipedia

domingo, 28 de dezembro de 2008

Adolfo Rodrigues da Costa Portela

 

Adolfo Rodrigues da Costa Portela foi um escritor, poeta e dramaturgo português (16 de Agosto de 1866, Além da Ponte, freguesia de Recardães - 17 de Novembro de 1923, Fundão).

Vida e Obra

Filho de José Rodrigues Pinto e Maria de Jesus e Silva, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, tendo sido advogado e recebedor em Águeda e no Fundão.

Entre a sua obra como poeta, temos Orvalhadas (1895), Sol Posto (1896) e Pela África (1896).

Na prosa, deixou-nos Contos e Baladas (1891), Boémia Lírica (1893), Jornal do Coração (1897), O País do Luar (1902), Por bem de Águeda (1903) e Águeda - Crónica, Paisagens, Tradições (1904).

Como dramaturgo, escreveu A Festa do Pão, Manga do Frade, A Noiva de João, A Flor de Linho e Tambor e Folia. Estas peças, embora não tenham sido publicadas, foram encenadas diversas vezes, como aconteceu em Maio de 2006 no Cine-Teatro São Pedro, a maior sala de espectáculos de Águeda.

Fonte: pt.wikipédia

sábado, 27 de dezembro de 2008

Afonso de Dornelas

 

Afonso de Dornelas (Lisboa, 29 de Fevereiro de 1880 - 9 de Fevereiro de 1944) foi um escritor, arqueólogo e heraldista português.

Biografia

Afonso de Dornelas iniciou a carreira militar em 1897, participando na expedição a Moçambique dois anos depois. Em 1909 passou a prestar relevantes serviços à Cruz Vermelha. Foi o fundador do Instituto Português de Heráldica, do Conselho Nobiliárquico de Portugal e o Instituto Histórico de Sintra. Exerceu funções como secretário geral da Academia Portuguesa de História, tendo ainda prestado notáveis serviços à Associação de Arqueólogos Portugueses. Junto com Alberto de Gusmão Navarro fundou o Tombo Histórico e Arqueológico de Portugal, em 1911.

Algumas obras publicadas

  • 1913-1926- História e Genealogia (14 volumes)
  • 1918 - D. António Caetano de Sousa
  • 1926-1929 - Elucidário Nobiliárquico (2 volumes)
  • 1926-1931 - Apontamentos (2 volumes)

Fonte: pt.wikipedia

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Francisco Adolfo Coelho

 Francisco_Adolfo_Coelho

 

BIOGRAFIA

Francisco Adolfo Coelho
(Coimbra, 15-01-1847 - Carcavelos, 09-02-1919)

Foi um autodidacta, apesar de aos quinze anos (1862-1864) ter frequentado a Universidade de Coimbra. A má impressão que lhe ficou do ensino aí ministrado mais lhe estimulou a vontade de prosseguir os estudos por conta própria e terá sugerido logo um dos tópicos das suas teses pedagógicas - a vacuidade do ensino universitário "de ornato" e a necessidade de professores investigativos e pedagogia heurística. Se é que não foi a experiência, já em Lisboa, como aluno do Curso Superior de Letras, em que esteve matriculado pelo menos no ano lectivo de 65/66 - e Inocêncio assevera que viu uma matrícula de Adolfo Coelho em 68/69. (Não deixa de ser curioso que o mais alegadamente autodidacta dos filólogos portugueses tenha sido dos poucos a frequentar alguma das duas instituições de ensino superior de letras e nem sei se o único a frequentá-las ambas...). Uns anos depois (1878), tornar-se-ia professor do mesmo Curso Superior de Letras, no seguimento de representação sobre a urgência de uma cadeira de Linguística Geral Indo-europeia e especial românica, assinada por ilustres intelectuais, em que logo se o aconselhava para o cargo. Antes, em 1868, publicara Adolfo Coelho A lingua portugueza. Phonologia, etymologia, morphologia e syntaxe, que Leite de Vasconcelos escolheu como limite a quo da filologia científica portuguesa. E, nessa década ainda, Theoria da conjugação em latim e portuguez. Estudo de grammatica comparativa (1870), a introdução filológica ao dicionário de Domingos Vieira (1871) e Questões da lingua portugueza (1874 [2ª parte em 1889]). E dirigira a Bibliographia critica de historia e litteratura (1873-5), revista de recensões em grande parte por si redigida. E se envolvera em polémicas: contra o Fausto de Castilho (Sciencia e probidade..., 1873), contra Inocêncio e uma crítica do Aristarco portuguez à sua Lingua portugueza (1870), sobre o Dicionário da Academia das Ciências (1870), contra as Portugalliae Inscriptiones Romanas de Levy Maria Jordão e em defesa do Corpus Inscriptionum Latinarum do alemão Hübner (1870), em crítica à Historia da litteratura portugueza de Teófilo Braga (1872). E participara nas Conferências do casino lisbonense (1871) - foi a sua exposição, sobre o "O ensino" (= A questão do ensino, [1872]), a última que se pôde realizar. Até quase ao fim da vida continuou professor, do Curso - a partir de 1911, Faculdade Letras de Lisboa. Ao contrário de Leite de Vasconcelos, os seus estudos não são polarizados pelas fontes de primeira mão, nem fez a chamada "pesquisa de campo"; o seu papel foi o da introdução das informações teóricas ("de gabinete", acusará Leite numa réplica a recensão de Coelho, em que este fora, como por vezes lhe acontecia, demasiado altaneiro). E mesmo essa catequese teórica foi conseguida mais pela recensão do que pela construção própria de grande fôlego. No importante trabalho de crítica exagera por vezes na severidade com que vê as obras dos outros. E também em relações pessoais o mesmo mau feitio se reflectiu: "estivemos com as relações cortadas muitos anos, por causa de, numa conversa, ele fazer crítica acerba a Epifânio Dias, e eu acudir em defesa deste. Adolfo Coelho, irritado, afastou-se de mim, e só reatámos as relações em 1911, quando entrei na Faculdade de Letras, como Professor" (José Leite de Vasconcelos, "Adolfo Coelho e a etnografia portuguesa", Lusa, Janeiro-Março de 1920, p. 98).

Não se pode traçar aqui as linhas gerais da investigação de Adolfo Coelho nos domínios da etnologia e da pedagogia. (Sobre estas outras facetas suas: Rogério Fernandes, As ideias pedagógicas de F. Adolfo Coelho, 1973; introduções de João Leal à publicação da obra etnográfica na colecção "Portugal de Perto" da Dom Quixote.).

adolfo coelho 

BIBLIOGRAFIA

1. Obras Etnográficas e Antropológicas de Adolfo Coelho

1873, "Romances Galliciennes", Romania, II, 259-260.

1874, "Romances Sacros. Orações e Ensalmos Populares do Minho", Romania, III, 263-278.

1875a, "Belfegor", Cenáculo, I, 65-80.

l875b, "Os Elementos Tradicionais da Literatura. Os Contos", Revista Ocidental, II, 329-346; 425-444.

1875c, Recensão Crítica a «Antichi Usi e Tradizioni Popolari Siciliane nella Festa di S. Giovanni Battista» de Giuseppe Pitré, Bibliografia Crítica de História e Literatura, I, 302-304.

1875d, Recensão Crítica a «Os Contos Populares Sicilianos» de Giuseppe Pitré, Cenáculo, 193-200.

1878a, "Materiais para o Estudo da Origem e Transmissão dos Contos Populares", O Positivismo, I, 74-83.

1878b, "A Morte e o Inverno", Renascença, I, 10.

1878c, "Notas Mitológicas", Renascença, I, 47-48.

1879a, Contos Populares Portugueses, Lisboa, F. Plantier [reeditados em 1985, Lisboa, Publicações Dom Quixote].

1879b, "Romances Populares e Rimas Infantis Portuguesas", Zeitschrift für Romanische Philologie, III, 61-72; 193-199.

1880a, "Esboço de Um Programa de Estudos de Etnologia Peninsular", Revisla de Etnologia e Glotologia, I, 1-4.

1880b, "Estudos para a História dos Contos Tradicionais", Revista de Etnologia e Glotologia, I, 108-144.

1880c, "Materiais para o Estudo das Festas, Crenças c Costumes Populares Portugueses", Revista de Etnologia e Glotologia, I, 5-34; 49-108; 145-207.

1880d, "Variedades", Revista de Etnologia e Glotologia, I, 207-208.

1880e, "Variedades. Rimas Infantis", Revista de Etnologia e Glolologia, I, 48.

1881a, "Etnografia Portuguesa. Costumes e Crenças Populares", Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 2ª série, n.º 6, 403-433, nos. 7 e 8, 633-668.

1881b, "As Lendas da Serra da Estrela", Diário de Noticias de 21/9, 1.

1881c, "Notas Mitológicas. O Tangromangro e os Turanianos", Renascença, I, 165-176.

1882a, "Algumas Palavras sobre a Nossa Vida Nacional", Jornal do Comércio de 11/11, 1.

1882b, Contos Nacionais para Crianças, Porto, Livraria Universal de Magalhães & Moniz.

1882c, "O Estudo das Tradições Populares na Itália", Jornal do Comércio de 29/9, 1.

1882d, "O Estudo das Tradições Populares na Espanha", Jornal do Comércio de 27/10, 2.

1882e, "O Estudo das Tradições Populares em França", Jornal do Comércio de 8/12, 1-2.

1882f, "Etnografia" [Recensão Crítica a «Contribuições para Uma Mitologia Popular Portuguesa», fasc. I-VI; «Tradições Populares Portuguesas», fasc. VII-XII; «Mitografia Portuguesa»; «Ensaios Críticos», fasc. I-III e «Portuguese Folk-tales» de Z. Consiglieri Pedroso]. Jornal do Comércio de 22/12, 1-2.

1882g, Recensão Crítica a «Tradições Populares de Portugal» e ao «Anuário para o Estudo das Tradições Populares Portuguesas» de José Leite de Vasconcelos, Jornal do Comércio de 28/9, 1-2.

1883a, "Ditados Tópicos de Portugal", Anuário para o Estudo das Tradições Populares Portuguesas, I, 47-49.

1883b, Os Elementos Tradicionais da Educação. Estudo Pedagógico, Porto, Livraria Universal de Magalhães & Moniz.

1883c, "Etnologia. As Superstições Portuguesas", Revista Científica, I, 512-528; 561-578.

1883d, Jogos e Rimas Infantis, Porto, Livraria Universal de Magalhães & Moniz.

1883e, "Os Jogos e as Rimas Infantis de Portugal", Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 4.ª Série, n.º 12, 567-595.

1883f, "A Oliveira de Guimarães", Anuário para o Estudo das Tradições Populares Portuguesas, I, 17-18.

1883g, Recensão Crítica a «Il Vespro nelle Tradizioni Popolari della Sicilia» de Giuseppe Pitré, Anuário para o Estudo das Tradições Populares Portuguesas, I, 91-92.

1884, "Les Ciganos. A propos de la Communication de M. P. Bataillard «Les Gitanos d’Espagne et les Ciganos de Portugal»", Congrés International d’Anthropologie et d’Archéologie Pré-Historique. Compte-rendu de la Neuviéme Session à Lisbonne 1880, Lisboa, Academia das Ciências, 667-681.

1885a, "A Filha Que Amamenta o Pai", Revista do Minho, I, 73.

1885b, "As Maravilhas do Velho", Revista do Minho, I, 61-62.

1885c, "O Médico Aprendiz (Facécia Popular)", Revista do Minho, I, 21.

1885d, Tales of Old Lusitania, from Folklore of Portugal [trad. de Henriqueta Monteiro], London, Ywan Sonnenschein.

1885e, "Tradições Relativas às Sereias e Outros Mitos Similares", Archivio per lo Studio delle Tradizioni Popolari, IV, 325-360.

1887a, "Os Ciganos de Portugal", Revista Lusitana,I, 3-20.

1887b, "Notas e Paralelos Folclóricos", Revista Lusitana, I, 166-174; 246-259; 320-331.

1890, Esboço de Um Programa para o Estudo Antropológico, Patológico e Demográfico do Povo Português. Secção de Ciências Étnicas da Sociedade de Geografia de Lisboa, Lisboa, Tip. do Comércio de Portugal.

1892, Os Ciganos de Portugal. Com Um Estudo sobre o Calão. Memória Destinada à X Sessão do Congresso Internacional dos Orientalistas, Lisboa, 1982, Lisboa, Imprensa Nacional.

1895, "Tradições Populares Portuguesas. O Quebranto", Revista de Ciências Naturais e Sociais, III, 117-124; 169-185.

1896a, Portugal e Ilhas Adjacentes. Centenário do Descobrimento da Índia. Trabalho Apresentado à Exposição Etnográfica Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional.

1896b, "Tradições Populares Portuguesas. A Caprificação", Revista de Ciências Naturais e Sociais, IV, 113-128.

1898, "A Pedagogia do Povo Português", Portugalia, I, 57-78; 201-226; 475-496.

1900, "De Algumas Tradições de Espanha e Portugal A Propósito da Estantigua", Revue Hispanique, VII, 390-453.

1901, "Alfaia Agrícola Portuguesa. Exposição da Tapada da Ajuda em 1898", Portugalia, I, 633-649.

1910a, "A Cultura Mental do Analfabetismo", Boletim da Assistência Nacional aos Tuberculosos, v, 1-19.

1910b, "Atraso da Cultura em Não Analfabetos", Boletim da Assistência Nacional aos Tuberculosos, v, 49-75.

1912, "O Estudo das Tradições Populares nos Países Românicos", Revista Lusitana, xv, 1-70.

1913, "Tomás Pires como Folclorista", António Tomás Pires (l850-1913), Elvas, Comissão Central de Homenagem a A. Tomás Pires, 3-6.

1916, Cultura e Analfabetismo, Porto, Renascença Portuguesa.

1918, João Pateta [ilustrações de Alice Rey Colaço), Lisboa, Tip. Eduardo Ferreira.

1993a, Festas, Costumes e Outros Materiais para uma Etnologia de Portugal (Obra Etnográfica, Vol. I) [organização e prefácio de João Leal], Lisboa, Publicações Dom Quixote.

1993b, Cultura Popular e Educação (Obra Etnográfica, Vol. II) [organização e prefácio de João Leal], Lisboa, Publicações Dom Quixote.

2. Estudos sobre Adolfo Coelho e História da Antropologia Portuguesa

Branco, Jorge Freitas, 1986, "Cultura como Ciência? Da Consolidação do Discurso Antropológico à Institucionalização da Disciplina", Ler História, 8, 75-101.

Dias, A. Jorge, 1952, Bosquejo Histórico da Etnografia Portuguesa, Coimbra, Sep. do Supl. Bibl. da Revista Portuguesa de Filologia.

Fernandes, Rogério, 1973a, "Esboço Bibliográfico da Obra de F. Adolfo Coelho", Coelho, F. Adolfo, Para a História da Instrução Popular em Portugal, Lisboa, Instituto Gulbenkian de Ciência/ Centro de Investigações Pedagógicas, 201-231.

________ , 1973b, As Ideias Pedagógicas de F. Adolfo Coelho, Lisboa, Instituto Gulbenkian de Ciência/ Centro de Investigações Pedagógicas.

Gonçalves, Maria José Leote, 1947, "Contribuição para a Bibliografia de Adolfo Coelho", Biblos, xxiii, 801-834.

Leal, João, 1993, "Prefácio", Coelho, Adolfo, Festas, Costumes e Outros Materiais para uma Etnologia de Portugal (Obra Etnográfica, Vol. I), Lisboa, Publicações Dom Quixote, 13-36.

________ , 1993, "Prefácio", Coelho, Adolfo, Cultura Popular e Educação (Obra Etnográfica, Vol. II), Lisboa, Publicações Dom Quixote, 13-23.

________ , 1995, "Imagens Contrastadas do Povo. Cultura Popular e Identidade Nacional na Antropologia Portuguesa Oitocentista", Branco, Jorge Freitas e João Leal (eds.), "Retratos do País. Actas do Colóquio", Revista Lusitana, n.s., 13/14, 125-144.

Perez, Rosa Maria, 1995, "Prefácio", Coelho, Adolfo, Os Ciganos de Portugal. Com Um Estudo sobre o Calão, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 11-19.

Pina Cabral, João, 1991, "A Antropologia em Portugal Hoje", Os Contextos da Antropologia, Lisboa, Difel, 11-41.

Fonte: Instituto-Camoes.pt

 

Obras - Contos

 

 

OUTROS LINKS:

Francisco Adolfo Coelho (pt.wikipedia)

Francisco Adolfo Coelho (Instituto Camões - Biografia)

Francisco Adolfo Coelho - (Instituto de Camões -  Bibliografia)

Francisco Adolfo Coelho ( pt.wikisource)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Adolfo Casais Monteiro

 

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Nascido no Porto a 4 de Julho de 1908, licenciou-se em Histórico-Filosóficas na 1ª Faculdade de Letras do Porto, e exerceu, depois, o ensino liceal na mesma cidade, actividade de que foi demitido por motivos políticos. Pertenceu ao grupo da "Presença", já depois da sua fundação, vindo a ser um dos três directores (1931), com José Régio e João Gaspar Simões. À dissolução da revista, em 1940, não foi alheia a dissidência do autor. Em 1954 estabeleceu-se no Brasil, exercendo a docência universitária de literatura portuguesa nas universidades do Rio de Janeiro e de S. Paulo, dedicando-se, desde então, de modo mais intenso, à actividade ensaística e à colaboração crítica em vários jornais brasileiros. Em relação à sua poesia, bafejada de grandeza, de ritmo livre e livre inspiração, é de referir que o autor não adere nem ao Sobrerrealismo nem ao Concretismo, nem à coisificação da palavra poética, revelando um certa agonia de quem na terra se firma, e a outro além renuncia, atitude em que se conjungam temáticas de Fernando Pessoa, de Nietzsche, Walt Whitman, e do esteticismo de Gide, tudo fundindo numa afirmação humana de amarga desesperança. Faleceu a 23 de Julho de 1972 em São Paulo, Brasil.

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As suas obras principais foram:

Poesia -

"Poemas do Tempo Incerto" (1934),

"Sempre e Sem Fim" (1937),

"Canto da Nossa Agonia" (1942),

"Noite Aberta aos quatro ventos" (1943),

"Versos" (1944),

"Simples Canção da Terra " (1949),

"O Estrangeiro Definitivo" (1945),

"Voo Sem Pássaro Dentro" (1954);

Romance -

"Adolescente" (1945);

Ensaio -

"Considerações Pessoais" (1933),

"Sobre o Romance Contemporâneo" (1940),

"De pés fincados na terra" (1940),

"O Romance e os seus problemas" (1950),

"Fernando Pessoa, o Insincero Verídico" (1954),

"Estudos sobre a Poesia de Fernendo Pessoa" (1958),

"A Moderna Poesia Brasileira" (1956),

"O Romance (Teoria e Crítica)" (1964);

Traduções -

de Troyat, Unamuno, Tolstoi, Sartre, Balzac, Diderot, Carrel, Kirkegaard.

 

 

Mais informações em: pt.wikipedia

POEMA:

Madrugada


Ah! Este poema das madrugadas,
que há tanto tempo enrodilhado
num sem-fim de estados de alma
me obcecava, tirânico,
sem se deixar fixar! ...
Madrugada... e esta solidão crescendo,
esta nostalgia maior, e maior, e maior,
de não se sabe o quê
— nunca se sabe o quê...
que haverá nestas horas sozinhas e geladas,
para assim trazer à tona as indefinidas mágoas,
as saudades e as ânsias sem motivo
— de que não sabemos o motivo?...
Vieram as saudades do tempo de menino
— ou dum paraíso lá não sei onde?
Ah! que fantasmas pesaram sobre os ombros,
que sombras desceram sobre os olhos,
que tristeza maior fez maior o silêncio?
A que vem esse calor distante e absorto,
esse calar, esses modos distraídos?
Meu pobre sonhador! a esta hora
porventura se desvenda a Suprema Inutilidade?
e a definitiva ilusão de tantos gestos?
Interroga, interroga...
vai sonhando,
sem que saibas sequer o caminho que segues
vai, distraído e pensativo,
alheio de hoje,
vivendo já o derradeiro segundo...
Que a madrugada tem o pungir das agonias,
mas alheio, como o fim dum pesadelo...

MAIS POEMAS EM: ASTORMENTAS

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Abel Botelho

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I

Abel Acácio de Almeida Botelho (1855-1917) nasceu em Tabuaço, distrito de Viseu em 23 de Setembro de 1855, filho de um militar e de uma senhora descendente de lavradores abastados. Tendo o pai falecido prematuramente, Abel Botelho ingressou no Colégio Militar como pensionista do Estado, tendo aí estudado de 1867 a 1872. Saiu do colégio com o posto de aspirante, matriculando-se na Escola Politécnica.

Casou em 1881 com uma senhora de origem nobre.

Abel Botelho começou por escrever poesia, tendo publicado em 1885 no Porto a colectânea Lira Insubmissa.

Seguiu entretanto a carreira das armas, chegando a coronel em 1906. Foi nesse ano nomeado Chefe do Estado Maior da 1ª Divisão Militar. Em 1911 passa à situação de adido, desempenhando funções diplomáticas no Ministério dos Negócios Estrangeiros até à sua morte ocorrida na Argentina em 24 (?) de Abril de 1917, durante a Primeira  Guerra Mundial. Foi por influência sua que a Argentina se tornou o primeiro país a reconhecer o regime republicano em Portugal.

A ele se fica a dever o projecto grafico da bandeira da República Portuguesa, em que o verde representa a esperança e o vermelho o sangue derramado pelo povo nas muitas guerras travadas.

Abel Botelho colaborou em várias publicações, de que se destacam O Século, O Dia, O Ocidente, A Ilustração, a Revista Literária e O Repórter (que chegou a dirigir).

Com o romance O Barão de Lavos (1891), Abel Botelho inicia o ciclo que intitulou de «Patologia Social», pretendendo com este ciclo criticar os vícios da sociedade. Desta forma se insere na chamada literatura naturalista.

Obras

  • Germano (1886)
  • Claudina (1890)
  • O Barão De Lavos (1891)
  • Os Vencidos Da Vida (1892)
  • Jucunda (1895)
  • A Imaculável (1897)
  • O Livro De Alda (1898)
  • Sem Remédio (1900)
  • Amanhã (1901)
  • Os Lázaros (1904)
  • Fatal Dilema (1907)
  • Próspero Fortuna (1910)
  • Amor Crioulo (1913)

 

casa abel botelho

II

Casa onde nasceu Abel Botelho

Localização

Viseu, Tabuaço, Tabuaço

Acesso

Rua das Ameixoeiras, n.º 17 e 19; Gauss: M - 247683, P - 461213, CMP, fl. 127

Enquadramento

Urbano, a meia encosta, adossado a edifícios de habitação nas fachadas E. e O., implantado em rua com imóveis de cariz rural de diversas épocas, alguns descaracterizados, localizando-se, nas suas proximidades, nomeadamente a O, no Largo do Terreiro, um edifício solarengo  e a Igreja Matriz de Tabuaço, a S., no Largo 5 de Outubro.

Descrição

Planta rectangular, ligeiramente irregular, de dois pisos, adossado a edifícios pelos alçados E. e O., de disposição horizontalista das massas, com coincidência entre o exterior e o interior e cobertura homogénea, de telhado a três águas. Edifício de dois pisos, com a fachada principal voltada a S., em cantaria de granito aparente, em aparelho "opus incertum", com embasamento saliente, cunhal apilastrado no lado direito e remate em friso e cornija saliente. É rasgada, no piso inferior, por duas portas em arco abatido, com moldura saliente recortada e com brincos e remates em pequena cornija, que se fundem com os aventais recortados e terminados em borla das janelas do piso superior, em arco abatido. Fachada E. adossada a edifício habitacional, apenas deixando antever a pilastra do cunhal e o registo cego do piso superior, composto por alvenaria granítica aparente. Fachada O. adossada a edifício incaracterístico. Fachada posterior e INTERIOR não observado.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Cronologia

Séc. 18 - data de construção do edifício, provavelmente sobre estruturas mais antigas; 1854, 23 Setembro - Abel Acácio de Almeida Botelho nasceu em Tabuaço, nesta casa, segundo Gonçalves Monteiro, no Solar das Bem Hajas, na opinião de Macedo Fernandes *1; 21 Novembro - baptizado de Abel Botelho na igreja de Tabuaço; 1917, 24 Abril - falecimento de Abel Botelho em Buenos Aires, Argentina; 2005, 24 Setembro - colocação de uma lápide no edifício, no âmbito das comemorações dos 150 anos do nascimento do escritor.

Tipologia

Arquitectura residencial, barroca. Edifício de planta rectangular e dois pisos, rasgados por portas no andar inferior e janelas superiores com molduras recortadas.

Características Particulares

Edifício bastante simples, em cantaria apenas na fachada principal, sendo as restantes em alvenaria, destacando-se os vãos de ambos os pisos, a fundirem-se, criando aventais recortados com borlas, surgindo, nas portas do primeiro piso brincos. Destaca-se, essencialmente, pelo facto de no edifício ter nascido o diplomata e escritor Abel Botelho.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Granito em cantaria e alvenaria na estrutura, cantaria nos cunhais e modinaturas; xisto; cimento; telha cerâmica; madeira de castanho; madeira de carvalho; madeira de pinho; ferro forjado.

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, década de 90 - obras no interior e remoção dos rebocos das fachadas exteriores.

Autor e Data: Gustavo Almeida 2002

 

 

III

Mais informações em:

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Abade de Jazente

 

Abade de Jazente,

Paulino António Cabral (1719-1789), Abade de Jazente, nasceu e faleceu em Amarante. Foi abade da freguesia de Jazente, advindo-lhe daí o nome por que é mais conhecido. Pertenceu à Arcádia Portuense, juntamente com Xavier de Matos, seu colega de Coimbra, cidade onde ambos estudaram. Embora clérigo, escreveu poesias onde se canta o amor epicurista e horaciano.

abade jazente

As suas obras foram publicadas em dois volumes:

  • Poesias de Paulino Cabral de Vasconcelos, Abade de Jazente, vol. I (Porto, 1786) 
  • Poesias de Paulino António Cabral, vol. II (Porto, 1787)

SONETOS - ver em:

domingo, 21 de dezembro de 2008

Abade de Baçal

ABADE DE BAÇAL

BIOGRAFIA

Sacerdote secular, arqueólogo e historiador, de seu nome Francisco Manuel Alves (Baçal, Bragança, 9.4.1865 - ib., 13.11.1947), filho de Francisco Alves Barnabé e Francisca Vicente. Cursou preparatórios no Liceu, e Teologia no Seminário de Bragança, sendo ordenado presbítero (13.6.1889) e logo nomeado pároco, ou abade da sua terra natal, por isso que ficou vulgarmente conhecido por Abade de Baçal, embora por vezes assine também Reitor de Baçal. Nunca paroquiou outra freguesia, vivendo uma vida entregue aos cuidados dos paroquianos, à sua lavoura e à investigação arqueológica e histórica, para a qual teve um singularíssimo instinto, sem necessidade de estudos científicos prévios, por isso havendo quem lhe aponte alguma assistematicidade nos estudos. Independente, modesto e sóbrio, misturado com o povo, foi nomeado (1925) director-conservador do Museu Regional de Bragança que hoje em dia ostenta o seu nome. Absorvido na arqueologia, não descurou os interesses da Igreja, participando nas polémicas que perturbaram a diocese no princípio do século XX, em defesa do seu bispo (O caso de Bragança e resposta aos Críticos,1905, e Notas biográficas do Ex."' Senhor D. José Alves Mariz, bispo de Bragança, Porto, 1906). Deu vasta colaboração à imprensa, havendo artigos seus nos mais inusitados periódicos: Alerta, Anuário de Viana do Castelo, A Palavra, A Torre de D. Chama, A voz, O Comércio do Porto, Distrito de Bragança, Gazeta de Bragança, Leste Transmontano, Notícias de Bragança, O Comércio de Chaves, O Bragançano, Diário de Noticias, O Século, O Pirilampo, O Primeiro de Janeiro, etc. e em revistas. Em 1935 foi alvo de grande homenagem: atribuição do seu nome ao Museu de Bragança, condecoração com o Grande Oficialato da Ordem de Santiago, inauguração do monumento pelo escultor Sousa Caldas, sobre projecto do arquitecto Januário Godinho. Sócio da Academia das Ciências, da Associação dos Arqueólogos Portugueses, do Instituto Etnológico, vogal da comissão de História Militar e membro de vários intitutos académicos estrangeiros. A sua obra principal é constituída pelos 11 volumes das Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, começados em 1909 e terminadas em 1947, fonte incontornável para o estudo da vida, história e valores do nordeste transmontano.

OBRAS PRINCIPAIS


Para além das citadas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança. Vols I a IV. Porto, 1909, 1911, 1913 e Coimbra, 1911-1918; Vol. V. Os Judeus. Bragança, 1925; VI. Os Fidalgos. Porto, 1928; VII. Os Notáveis. Porto, 1931; VIII. No Arquivo de Simancas. Porto, 1932; IX e X. Arqueologia, Etnografia e Arte. Porto, 1934; XI. Arqueologia e Etnografia. Porto 1947; Moncorvo, Subsídios para a sua História. Porto, 1908; Castro de Avelãs, Mosteiro Beneditino. Coimbra, 1910; Notabilidades antigas e modernas da villa de Anciães, In Revista de História, V (1916) pp. 364-375 e VI (1917) pp. 74-80; Trás-os-Montes, na Colecção Portugal na Exposição de Sevilha. Lx.ª , 1929; Chaves, Apontamentos arqueológicos. Gaia, 1931; As Terras Bragançanas. Coimbra, 1932; Catálogo dos Manuscritos de Simancas, respeitantes à História Portuguesa. Coimbra, 1933; Lista de Provesende e Sepulcros Luso-Romanos. Lx.ª, 1938; Aforamento de Propriedades em Outeiro na era de 1308, ano de Cristo de 1270. 1940; Correcção de uma notícia errónea dos escritores espanhóis referentes às Guerras de Restauração. Lx.ª 1940; A Restauração de 1640 no Distrito de Bragança, in Anais da Academia Portuguesa de História, 1ª série, III, Lx.ª, 1940; Homenagem a Martins Sarmento. Porto, 1933; O Clássico Frei Lucas de Sousa, Tragédias Marítimas. Notas Inéditas. Porto, 1933; Vinicultura Duriense, Régua, 1938; Achegas para a História Místico criadora de atmosfera propícia à Restauração de 1640, Lx.ª 1939; Epistolrio. Coimbra, 1955; Cartas Inéditas do Abade de Baçal, in Presença, Coimbra, 1965; Vimioso, Notas Etnográficas, Braga, 1968; cartas a José Montanha, Braga, 1973; Cartas ao Prof. Manuel Maria Chamorro, in Mensageiro de Bragança, n.' 703, 7.2.1958. A cidade de Bragança comemorou condignamente o seu centenário em 1965.

Fonte: gragancanet

OBRA IMPORTANTE PARA O DISTRITO DE BRAGANÇA

O Abade de Baçal escreveu uma obra importante para o Distrito de Bragança do ponto de vista arqueológico e etnográfico. Nas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança existem várias referências ao concelho de Mirandela.
No tomo IX são feitas referências a Abreiro (Capela de Santa Catarina, Arcã e Cruzeiro), a Aguieiras (Ermida de Nª Srª do Cruzeiro, castelo e esculturas rupestres), a Avidagos (sepulturas romanas), a castelos e afins em Aguieiras, Caravelas, Mascarenhas, Milhais, Mirandela, Regodeiro, Suçães, Vale de Gouvinhas, Vale de Juncal, Vale da Sancha e Vale de Madeiro e a castros em Abreiro, Ferradosa e Mascarenhas (Cidade), a Freixeda (mina, casarão e muralhas) e a Lamas de Orelhão (muro, poço e moedas romanas, ibéricas e visigóticas).
A aludida obra contém um mapa arqueológico do distrito de Bragança, onde se incluem dados sobre Choupim, Romeu, São Pedro Velho, Vale de Asnes, gravuras em fragas (Aguieiras, Cedães, Lamas de Orelhão e São Pedro Velho ), cavernas em Caravelas, sepulturas cavadas na rocha em Torre de D. Chama e Vale de Telhas e antas em Abambres, Abreiro, Barcel, Mascarenhas, Navalho e Pai Torto.

Fonte: cm-mirandela

sábado, 20 de dezembro de 2008

Abade Correia da Serra

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Figura de relevo do Iluminismo português, o Abade Correia da Serra é, normalmente, conhecido pelas funções diplomáticas que desempenhou, nomeadamente as de embaixador de Portugal nos Estados Unidos da América, no período turbulento que precedeu a independência do Brasil. A biografia que agora se apresenta pretende ir além das análises habituais desta personagem, oferecendo uma imagem multifacetada do Abade, onde se cruzam as dimensões científica, histórica e política da sua existência, analisadas à luz do complexo contexto nacional e internacional em que se movimentou.

A compreensão da figura de Correia da Serra impõe o estudo das suas convicções e contribuições científicas, normalmente votadas ao esquecimento, na medida em que é nelas que se articulam todos os outros aspectos da sua vida e obra. A originalidade das investigações que desenvolveu no âmbito da história natural e, especialmente, no domínio da botânica, colocam-no na senda de ideias que operaram a transição do paradigma da história natural setecentista para o da biologia do século XIX. A par disso, teve um papel activo na definição de uma rede internacional de naturalistas cuja relevância fez dele uma figura central nos circuitos de construção e de comunicação do saber científico.

No intuito de escapar a perseguições políticas e religiosas, o Abade Correia da Serra procurou refúgio além fronteiras, tendo viajado intensamente pela Europa e pelos Estados Unidos da América. No seu périplo de estrangeirado, privou com naturalistas e políticos estrangeiros de primeiro plano, embora tivesse sempre mantido ligações com o seu país natal. É exemplo disso o projecto científico e histórico ambicioso que gizou para a Academia das Ciências de Lisboa, quando esta dava os primeiros passos, apoiada pelo Duque de Lafões. Neste contexto, mas agora sob a égide de Rodrigo de Sousa Coutinho, com quem partilhou um projecto político que visava transferir a sede de poder do continente para o Portugal brasileiro, Correia da Serra chegou a desempenhar funções de agente científico que, por vezes, raiaram a espionagem. Mais tarde, com Thomas Jefferson, sonhou com a construção de dois hemisférios americanos, liderados pelos Estados Unidos da América e por Portugal, emancipados política e cientificamente da velha Europa. Correia da Serra não foi um homem de consensos fáceis, nem viveu de forma tranquila. A procura incessante de uma pátria ideal, política e intelectualmente, condenou-o a ser um eterno peregrino.

Texto: C. H. C. U. L.

abade

Aarão de Lacerda

 

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Aarão de Lacerda (n 1890 - † 1947), discípulo de Joaquim de Vasconcelos, foi contemporâneo de Leonardo Coimbra, e professor na Faculdade de Letras e Escola de Belas Artes do Porto, onde foi director, com responsabilidade nas cadeiras de História da Arte e Arqueologia, além de ter leccionado na Universidade de Coimbra.

Também em Coimbra fundou a revista Diónysos, e publicou, entre outras obras, Da Ironia, do Riso e da Caricatura, 1915, além de dois estudos fundamentais: «História da Arte Portuguesa», in História de Portugal, 1929 e História da Arte em Portugal, 1942.

Luis Vaz de Camões

LUIS DE CAMOES

Vida

Não são muitas as informações sobre a vida de Camões, pois enquanto ele viveu nenhum de seus contemporâneos fez qualquer referência à sua pessoa. Somente depois da morte de Camões é que houve breves referências à sua vida, feitas por escritores que o conheceram. No entanto, seus dados biográficos puderam ser estabelecidos tanto a partir de alguns poucos documentos relativos a ele e à sua família, como a partir das muitas alusões à sua própria vida que se encontram ao longo de toda sua obra.

Infância e Juventude.

O local de nascimento de Camões não foi determinado com certeza absoluta. "Provavelmente nasceu em Lisboa". "A data de seu nascimento também é incerta". "Pode-se apenas dizer que nasceu em torno de 1524". Sua família, apesar de pertencer à nobreza, tinha poucos recursos. Seu pai se chamava Simão Vaz de Camões e sua mãe, Ana de Sá ou de Macedo. Camões deve ter estudado no colégio do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, do qual era prior seu tio Dom Bento de Camões, que também era chanceler da Universidade de Coimbra. Dom Bento provavelmente patrocinou e orientou a formação de seu sobrinho. Não há provas de que Camões tenha cursado a universidade, mas os conhecimentos que adquiriu durante esse período de formação, e que ficam evidentes em toda a sua obra, são igualados por raríssimos poetas europeus de sua época. Certamente leu, entre outros, Homero, Horácio, Virgílio, Ovídio e Petrarca. Por volta de 1542, Camões possivelmente mudou-se para Lisboa. Em 1547, viajou para Ceuta, na África. Participou de vários combates e, num deles, perdeu o olho direito. Não se sabe se essa estada em Ceuta foi um degredo motivado por seu caráter turbulento e por amores proibidos, ou se constituiu apenas uma iniciação na carreira das armas, visando também a receber favores reais. Em 1549 ou 1550, regressou a Lisboa.

Maturidade.

Em Lisboa, Camões freqüentou tanto os ambientes da nobreza quanto os meios da baixa boêmia. No dia 16 de junho de 1552, envolveu-se numa briga de rua e feriu a espada Gonçalo Borges, que trabalhava nas cavalariças do rei. Foi então preso nos calabouços do Tronco. Algum tempo depois, foi perdoado por Dom João III, rei de Portugal, numa carta datada de 3 de março de 1553. O motivo do perdão foi o fato de Gonçalo Borges não ter-se ferido gravemente, tendo ele mesmo perdoado a Camões. Dias depois, o poeta partiu para a Índia, a fim de servir o rei em missões militares. Essa viagem não foi uma imposição do rei, condicionando o perdão, mas algo que Camões se dispôs a fazer, visando assim a obter o perdão mais facilmente e, sobretudo, a afastar-se da vida que levava em Lisboa, pois esta não lhe agradava, como ele mesmo revelou em uma carta que enviou da Índia. Entre 1553 e 1555, participou da expedição ao Malabar e talvez da armada enviada ao estreito de Malaca, a fim de combater os piratas que lá atuavam. A seguir foi nomeado provedor dos bens de defuntos e ausentes da China, tendo assim partido em 1556 para Macau. Data desse período a lenda da gruta de Macau, onde Camões se refugiaria para escrever. Teria nessa época escrito uma parte de Os Lusíadas. Em torno de 1560, foi obrigado a voltar a Goa, por motivos não muito claros. O navio em que viajava naufragou no golfo de Tonquim, na foz do rio Mekong, tendo Camões se salvado a nado com o manuscrito de Os Lusíadas, então já em fase avançada de composição. Segundo o que talvez não passe de lenda, nesse naufrágio morreu sua companheira Dinamene. Ficou preso em Goa até 1567, quando partiu de volta para Portugal. No entanto, por razões também obscuras, o capitão do navio em que viajava deixou o poeta nas costas de Moçambique, onde o historiador português Diogo do Couto o encontrou vivendo pobremente, às custas de amigos. O historiador ajudou-o a embarcar para Lisboa, onde chegou em fins de 1569 ou começos de 1570, isto é, aproximadamente 17 anos depois de ter partido para a Índia. Camões trazia os originais de Os Lusíadas, mas já não tinha os originais de seu Parnaso, coletânea de composições líricas furtada em Moçambique e que não foi recuperada. Em 1571, obteve licença da Inquisição para publicar Os Lusíadas, o que ocorreu em 1572. Em 28 de junho do mesmo ano, a Coroa, através de alvará de Dom Sebastião, concedeu ao poeta a pequena tença anual de 15 mil-réis. Camões morreu em um hospital, totalmente na miséria, em 10 de junho de 1580.

Obra

A obra de Camões é composta sobretudo pela poesia épica e pela poesia lírica. A poesia épica é representada por Os Lusíadas e a poesia lírica por vários tipos de poemas, que recebem o título geral de Rimas. A esses dois conjuntos, que constituem o essencial da obra camoniana, acrescentam-se três autos — Anfitriões, El-Rei Seleuco e Filodemo — e quatro cartas. Os autos não atingem maior nível, nem em relação à sua poesia, nem em relação aos outros autores de peças teatrais da época. As cartas, por sua vez, têm validade como documentos autobiográficos. Além de Os Lusíadas, somente três pequenos poemas líricos foram publicados durante a vida de Camões: a ode Aquele único exemplo, nos Colóquios dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia (1563), de Garcia da Orta; a elegia Depois que Magalhães teve tecida e o soneto Vós, ninfas da gangética espessura, nas páginas iniciais do livro História da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamam Brasil (1576), de Pero de Magalhães Gândavo. Assim, praticamente toda a obra lírica, a obra dramática e as cartas são de publicação póstuma. Por isso surgiram sérios problemas quanto à autenticidade de muitos textos, sobretudo da obra lírica. Houve edições que publicaram vários textos que na verdade não eram de Camões. Por outro lado, houve edições que, por excesso de cuidados, deixaram de publicar muitos textos que mais tarde se pôde comprovar serem de Camões. Atualmente, de acordo com os critérios de crítica textual e graças ao trabalho de vários estudiosos, entre os quais Wilhelm Stoyck, Agostinho de Campos, José Maria Rodrigues, Afonso Lopes Vieira, Hernâni Cidade, Costa Pimpão, Emanuel Pereira Filho e Jorge de Sena, pode-se atribuir a Camões, com uma margem bem grande de certeza, as seguintes obras: 211 sonetos, 15 canções, três sextinas, 13 odes, 11 elegias, cinco oitavas, nove éclogas, 142 redondilhas, os três autos e as quatro cartas, além de Os Lusíadas. No caso de Os Lusíadas, houve especificamente problemas derivados da descuidada revisão de suas primeiras edições. Por isso surgiram várias edições extremamente incorretas, o que veio sendo solucionado por diversos estudiosos que se dedicaram ao estabelecimento do texto autêntico.

Os Lusíadas são um poema épico escrito em oitavas-rimas de versos decassílabos heróicos. Tem dez cantos, 1.102 estrofes e 8.816 versos. O motivo básico do poema é a expedição de Vasco da Gama em busca de um caminho marítimo para as Índias. No entanto, cerca de 1/3 do poema é dedicado aos grandes feitos dos reis e dos homens importantes do reino de Portugal. Assim, Os Lusíadas constituem, na verdade, a narrativa épica da história de Portugal, desde as origens até a época em que Camões viveu. O termo lusíada é sinônimo de português e provém de Luso, o fundador mitológico da Lusitânia, isto é, Portugal. O poema se desenvolve em duas linhas que às vezes se confundem: os fatos históricos e as invenções mitológicas. Há ainda uma terceira linha representada pelas interferências do poeta: comentários sobre o papel da poesia na história, sobre a política européia e sobre o poder do dinheiro.

Quando tem início a ação do poema, os navios portugueses já se encontram no oceano Índico, isto é, no meio da viagem. Enquanto isso, os deuses se reúnem no Olimpo para tomar decisões a respeito dos navegadores. Baco é contrário aos portugueses, mas Júpiter está a favor deles, passando a contar também com o apoio de Vênus e Marte. Os navios chegam a Moçambique e Vasco da Gama desce à terra. Baco arma uma cilada, mas não é bem-sucedido. A viagem prossegue e os navios se aproximam de Mombaça. No entanto, Vênus faz com que se afastem, pois Baco preparara outra cilada. Vênus então pede a Júpiter maior proteção para os portugueses. A seguir, os navegadores chegam a Melinde, onde são muito bem recebidos. Vasco da Gama passa a contar a história de Portugal para o rei de Melinde. Primeiramente descreve a Europa e depois dá início a seu relato. Fala do Luso, fundador da Lusitânia, e de Dom Henrique de Borgonha, para então narrar uma série de episódios: o de Egas Moniz, a morte de Inês de Castro, a batalha de Aljubarrota, a tomada de Ceuta, o sonho profético de Dom Manuel, os preparativos para a viagem, a fala do velho do Restelo e a partida dos navegadores. Prossegue o relato contando a primeira parte da viagem, cujos pontos mais importantes são os seguintes: o fogo de Santelmo, a tempestade, o gigante Adamastor, a chegada à Melinde. Após esse relato, os navegadores continuam a viagem, enfrentando nova tempestade provocada por Baco e Éolo. Vênus, no entanto, envia ninfas para acalmar a tempestade. Finalmente os portugueses chegam a seu destino, isto é, Calicute, na Índia. De regresso a Portugal, passam pela ilha dos Amores, que é colocada em seu caminho por Vênus e onde são recebidos por ninfas, que lhes oferecem um banquete como recompensa pelos atos heróicos. Nesse episódio, é mostrado a Vasco da Gama o futuro glorioso de Portugal.

Embora utilizando amplamente elementos mitológicos, Os Lusíadas são basicamente um poema que celebra a inspiração cristã das descobertas marítimas. No entanto, está presente na epopéia camoniana a consciência dos males e sacrifícios que poderiam resultar dessas descobertas. Camões não deixou de estabelecer uma distinção entre o valor em si dos feitos portugueses e o valor ético discutível do objetivo de seus empreendimentos. Desse modo, verifica-se que o poema conjuga claramente o humanismo e o expansionismo que marcaram o Renascimento português.

Os Lusíadas, tanto por sua linguagem como pela fusão de elementos clássicos e modernos, é o maior monumento literário da língua portuguesa. Já em 1580, pouco antes da morte de Camões, o poema foi traduzido para o espanhol. No correr dos séculos, surgiram sucessivas traduções para o italiano, inglês, francês, alemão, russo, polonês, dinamarquês, sueco, húngaro e romeno, o que atesta sua repercussão internacional.

Rimas é o título que em todas as edições se tem dado ao conjunto da obra lírica de Camões — a exemplo da obra do mesmo gênero de Petrarca. As Rimas foram publicadas pela primeira vez em 1595 por Fernão Rodrigues Lopo Soropita. São constituídas por composições de vários tipos, que podem ser agrupadas de acordo com três correntes poéticas predominantes em Portugal no séc. XVI: a peninsular (cantigas, pastoris, glosas, vilancetes), a italiana (sonetos, sextinas, canções, composições em oitava-rima) e a greco-latina (éclogas e elegias).

Em seus principais poemas líricos, Camões realizou uma profunda meditação sobre o mundo do "eu", da mulher, do amor, da vida e de Deus. Nesses poemas fica clara a tensão entre os dois pólos do espírito de Camões: a tendência a idealizar o amor, isto é, a tratá-lo como coisa mental, e a tendência a também percebê-lo como algo sensível. De modo geral, a lírica camoniana desenvolve um percurso que vai do particular e do sensível à intelectualização e generalização das emoções terrestres. Às Rimas pertence a que é considerada a mais alta meditação lírica de Camões, a redondilha Sôbolos rios que vão. Contudo, os poemas mais famosos são os sonetos, entre os quais podem ser citados os seguintes: Busque Amor novas artes, novo engenho; Amor é um fogo que arde sem se ver; Transforma-se o amador na cousa amada; Sete anos de pastor Jacó servia e Alma minha gentil, que te partiste. Dentro de seu gênero, as Rimas ocupam, sem dúvida alguma, posição à altura de Os Lusíadas.

Texto: malhanga.com