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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Francisco Adolfo Coelho

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BIOGRAFIA

Francisco Adolfo Coelho
(Coimbra, 15-01-1847 - Carcavelos, 09-02-1919)

Foi um autodidacta, apesar de aos quinze anos (1862-1864) ter frequentado a Universidade de Coimbra. A má impressão que lhe ficou do ensino aí ministrado mais lhe estimulou a vontade de prosseguir os estudos por conta própria e terá sugerido logo um dos tópicos das suas teses pedagógicas - a vacuidade do ensino universitário "de ornato" e a necessidade de professores investigativos e pedagogia heurística. Se é que não foi a experiência, já em Lisboa, como aluno do Curso Superior de Letras, em que esteve matriculado pelo menos no ano lectivo de 65/66 - e Inocêncio assevera que viu uma matrícula de Adolfo Coelho em 68/69. (Não deixa de ser curioso que o mais alegadamente autodidacta dos filólogos portugueses tenha sido dos poucos a frequentar alguma das duas instituições de ensino superior de letras e nem sei se o único a frequentá-las ambas...). Uns anos depois (1878), tornar-se-ia professor do mesmo Curso Superior de Letras, no seguimento de representação sobre a urgência de uma cadeira de Linguística Geral Indo-europeia e especial românica, assinada por ilustres intelectuais, em que logo se o aconselhava para o cargo. Antes, em 1868, publicara Adolfo Coelho A lingua portugueza. Phonologia, etymologia, morphologia e syntaxe, que Leite de Vasconcelos escolheu como limite a quo da filologia científica portuguesa. E, nessa década ainda, Theoria da conjugação em latim e portuguez. Estudo de grammatica comparativa (1870), a introdução filológica ao dicionário de Domingos Vieira (1871) e Questões da lingua portugueza (1874 [2ª parte em 1889]). E dirigira a Bibliographia critica de historia e litteratura (1873-5), revista de recensões em grande parte por si redigida. E se envolvera em polémicas: contra o Fausto de Castilho (Sciencia e probidade..., 1873), contra Inocêncio e uma crítica do Aristarco portuguez à sua Lingua portugueza (1870), sobre o Dicionário da Academia das Ciências (1870), contra as Portugalliae Inscriptiones Romanas de Levy Maria Jordão e em defesa do Corpus Inscriptionum Latinarum do alemão Hübner (1870), em crítica à Historia da litteratura portugueza de Teófilo Braga (1872). E participara nas Conferências do casino lisbonense (1871) - foi a sua exposição, sobre o "O ensino" (= A questão do ensino, [1872]), a última que se pôde realizar. Até quase ao fim da vida continuou professor, do Curso - a partir de 1911, Faculdade Letras de Lisboa. Ao contrário de Leite de Vasconcelos, os seus estudos não são polarizados pelas fontes de primeira mão, nem fez a chamada "pesquisa de campo"; o seu papel foi o da introdução das informações teóricas ("de gabinete", acusará Leite numa réplica a recensão de Coelho, em que este fora, como por vezes lhe acontecia, demasiado altaneiro). E mesmo essa catequese teórica foi conseguida mais pela recensão do que pela construção própria de grande fôlego. No importante trabalho de crítica exagera por vezes na severidade com que vê as obras dos outros. E também em relações pessoais o mesmo mau feitio se reflectiu: "estivemos com as relações cortadas muitos anos, por causa de, numa conversa, ele fazer crítica acerba a Epifânio Dias, e eu acudir em defesa deste. Adolfo Coelho, irritado, afastou-se de mim, e só reatámos as relações em 1911, quando entrei na Faculdade de Letras, como Professor" (José Leite de Vasconcelos, "Adolfo Coelho e a etnografia portuguesa", Lusa, Janeiro-Março de 1920, p. 98).

Não se pode traçar aqui as linhas gerais da investigação de Adolfo Coelho nos domínios da etnologia e da pedagogia. (Sobre estas outras facetas suas: Rogério Fernandes, As ideias pedagógicas de F. Adolfo Coelho, 1973; introduções de João Leal à publicação da obra etnográfica na colecção "Portugal de Perto" da Dom Quixote.).

adolfo coelho 

BIBLIOGRAFIA

1. Obras Etnográficas e Antropológicas de Adolfo Coelho

1873, "Romances Galliciennes", Romania, II, 259-260.

1874, "Romances Sacros. Orações e Ensalmos Populares do Minho", Romania, III, 263-278.

1875a, "Belfegor", Cenáculo, I, 65-80.

l875b, "Os Elementos Tradicionais da Literatura. Os Contos", Revista Ocidental, II, 329-346; 425-444.

1875c, Recensão Crítica a «Antichi Usi e Tradizioni Popolari Siciliane nella Festa di S. Giovanni Battista» de Giuseppe Pitré, Bibliografia Crítica de História e Literatura, I, 302-304.

1875d, Recensão Crítica a «Os Contos Populares Sicilianos» de Giuseppe Pitré, Cenáculo, 193-200.

1878a, "Materiais para o Estudo da Origem e Transmissão dos Contos Populares", O Positivismo, I, 74-83.

1878b, "A Morte e o Inverno", Renascença, I, 10.

1878c, "Notas Mitológicas", Renascença, I, 47-48.

1879a, Contos Populares Portugueses, Lisboa, F. Plantier [reeditados em 1985, Lisboa, Publicações Dom Quixote].

1879b, "Romances Populares e Rimas Infantis Portuguesas", Zeitschrift für Romanische Philologie, III, 61-72; 193-199.

1880a, "Esboço de Um Programa de Estudos de Etnologia Peninsular", Revisla de Etnologia e Glotologia, I, 1-4.

1880b, "Estudos para a História dos Contos Tradicionais", Revista de Etnologia e Glotologia, I, 108-144.

1880c, "Materiais para o Estudo das Festas, Crenças c Costumes Populares Portugueses", Revista de Etnologia e Glotologia, I, 5-34; 49-108; 145-207.

1880d, "Variedades", Revista de Etnologia e Glotologia, I, 207-208.

1880e, "Variedades. Rimas Infantis", Revista de Etnologia e Glolologia, I, 48.

1881a, "Etnografia Portuguesa. Costumes e Crenças Populares", Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 2ª série, n.º 6, 403-433, nos. 7 e 8, 633-668.

1881b, "As Lendas da Serra da Estrela", Diário de Noticias de 21/9, 1.

1881c, "Notas Mitológicas. O Tangromangro e os Turanianos", Renascença, I, 165-176.

1882a, "Algumas Palavras sobre a Nossa Vida Nacional", Jornal do Comércio de 11/11, 1.

1882b, Contos Nacionais para Crianças, Porto, Livraria Universal de Magalhães & Moniz.

1882c, "O Estudo das Tradições Populares na Itália", Jornal do Comércio de 29/9, 1.

1882d, "O Estudo das Tradições Populares na Espanha", Jornal do Comércio de 27/10, 2.

1882e, "O Estudo das Tradições Populares em França", Jornal do Comércio de 8/12, 1-2.

1882f, "Etnografia" [Recensão Crítica a «Contribuições para Uma Mitologia Popular Portuguesa», fasc. I-VI; «Tradições Populares Portuguesas», fasc. VII-XII; «Mitografia Portuguesa»; «Ensaios Críticos», fasc. I-III e «Portuguese Folk-tales» de Z. Consiglieri Pedroso]. Jornal do Comércio de 22/12, 1-2.

1882g, Recensão Crítica a «Tradições Populares de Portugal» e ao «Anuário para o Estudo das Tradições Populares Portuguesas» de José Leite de Vasconcelos, Jornal do Comércio de 28/9, 1-2.

1883a, "Ditados Tópicos de Portugal", Anuário para o Estudo das Tradições Populares Portuguesas, I, 47-49.

1883b, Os Elementos Tradicionais da Educação. Estudo Pedagógico, Porto, Livraria Universal de Magalhães & Moniz.

1883c, "Etnologia. As Superstições Portuguesas", Revista Científica, I, 512-528; 561-578.

1883d, Jogos e Rimas Infantis, Porto, Livraria Universal de Magalhães & Moniz.

1883e, "Os Jogos e as Rimas Infantis de Portugal", Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 4.ª Série, n.º 12, 567-595.

1883f, "A Oliveira de Guimarães", Anuário para o Estudo das Tradições Populares Portuguesas, I, 17-18.

1883g, Recensão Crítica a «Il Vespro nelle Tradizioni Popolari della Sicilia» de Giuseppe Pitré, Anuário para o Estudo das Tradições Populares Portuguesas, I, 91-92.

1884, "Les Ciganos. A propos de la Communication de M. P. Bataillard «Les Gitanos d’Espagne et les Ciganos de Portugal»", Congrés International d’Anthropologie et d’Archéologie Pré-Historique. Compte-rendu de la Neuviéme Session à Lisbonne 1880, Lisboa, Academia das Ciências, 667-681.

1885a, "A Filha Que Amamenta o Pai", Revista do Minho, I, 73.

1885b, "As Maravilhas do Velho", Revista do Minho, I, 61-62.

1885c, "O Médico Aprendiz (Facécia Popular)", Revista do Minho, I, 21.

1885d, Tales of Old Lusitania, from Folklore of Portugal [trad. de Henriqueta Monteiro], London, Ywan Sonnenschein.

1885e, "Tradições Relativas às Sereias e Outros Mitos Similares", Archivio per lo Studio delle Tradizioni Popolari, IV, 325-360.

1887a, "Os Ciganos de Portugal", Revista Lusitana,I, 3-20.

1887b, "Notas e Paralelos Folclóricos", Revista Lusitana, I, 166-174; 246-259; 320-331.

1890, Esboço de Um Programa para o Estudo Antropológico, Patológico e Demográfico do Povo Português. Secção de Ciências Étnicas da Sociedade de Geografia de Lisboa, Lisboa, Tip. do Comércio de Portugal.

1892, Os Ciganos de Portugal. Com Um Estudo sobre o Calão. Memória Destinada à X Sessão do Congresso Internacional dos Orientalistas, Lisboa, 1982, Lisboa, Imprensa Nacional.

1895, "Tradições Populares Portuguesas. O Quebranto", Revista de Ciências Naturais e Sociais, III, 117-124; 169-185.

1896a, Portugal e Ilhas Adjacentes. Centenário do Descobrimento da Índia. Trabalho Apresentado à Exposição Etnográfica Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional.

1896b, "Tradições Populares Portuguesas. A Caprificação", Revista de Ciências Naturais e Sociais, IV, 113-128.

1898, "A Pedagogia do Povo Português", Portugalia, I, 57-78; 201-226; 475-496.

1900, "De Algumas Tradições de Espanha e Portugal A Propósito da Estantigua", Revue Hispanique, VII, 390-453.

1901, "Alfaia Agrícola Portuguesa. Exposição da Tapada da Ajuda em 1898", Portugalia, I, 633-649.

1910a, "A Cultura Mental do Analfabetismo", Boletim da Assistência Nacional aos Tuberculosos, v, 1-19.

1910b, "Atraso da Cultura em Não Analfabetos", Boletim da Assistência Nacional aos Tuberculosos, v, 49-75.

1912, "O Estudo das Tradições Populares nos Países Românicos", Revista Lusitana, xv, 1-70.

1913, "Tomás Pires como Folclorista", António Tomás Pires (l850-1913), Elvas, Comissão Central de Homenagem a A. Tomás Pires, 3-6.

1916, Cultura e Analfabetismo, Porto, Renascença Portuguesa.

1918, João Pateta [ilustrações de Alice Rey Colaço), Lisboa, Tip. Eduardo Ferreira.

1993a, Festas, Costumes e Outros Materiais para uma Etnologia de Portugal (Obra Etnográfica, Vol. I) [organização e prefácio de João Leal], Lisboa, Publicações Dom Quixote.

1993b, Cultura Popular e Educação (Obra Etnográfica, Vol. II) [organização e prefácio de João Leal], Lisboa, Publicações Dom Quixote.

2. Estudos sobre Adolfo Coelho e História da Antropologia Portuguesa

Branco, Jorge Freitas, 1986, "Cultura como Ciência? Da Consolidação do Discurso Antropológico à Institucionalização da Disciplina", Ler História, 8, 75-101.

Dias, A. Jorge, 1952, Bosquejo Histórico da Etnografia Portuguesa, Coimbra, Sep. do Supl. Bibl. da Revista Portuguesa de Filologia.

Fernandes, Rogério, 1973a, "Esboço Bibliográfico da Obra de F. Adolfo Coelho", Coelho, F. Adolfo, Para a História da Instrução Popular em Portugal, Lisboa, Instituto Gulbenkian de Ciência/ Centro de Investigações Pedagógicas, 201-231.

________ , 1973b, As Ideias Pedagógicas de F. Adolfo Coelho, Lisboa, Instituto Gulbenkian de Ciência/ Centro de Investigações Pedagógicas.

Gonçalves, Maria José Leote, 1947, "Contribuição para a Bibliografia de Adolfo Coelho", Biblos, xxiii, 801-834.

Leal, João, 1993, "Prefácio", Coelho, Adolfo, Festas, Costumes e Outros Materiais para uma Etnologia de Portugal (Obra Etnográfica, Vol. I), Lisboa, Publicações Dom Quixote, 13-36.

________ , 1993, "Prefácio", Coelho, Adolfo, Cultura Popular e Educação (Obra Etnográfica, Vol. II), Lisboa, Publicações Dom Quixote, 13-23.

________ , 1995, "Imagens Contrastadas do Povo. Cultura Popular e Identidade Nacional na Antropologia Portuguesa Oitocentista", Branco, Jorge Freitas e João Leal (eds.), "Retratos do País. Actas do Colóquio", Revista Lusitana, n.s., 13/14, 125-144.

Perez, Rosa Maria, 1995, "Prefácio", Coelho, Adolfo, Os Ciganos de Portugal. Com Um Estudo sobre o Calão, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 11-19.

Pina Cabral, João, 1991, "A Antropologia em Portugal Hoje", Os Contextos da Antropologia, Lisboa, Difel, 11-41.

Fonte: Instituto-Camoes.pt

 

Obras - Contos

 

 

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Francisco Adolfo Coelho (Instituto Camões - Biografia)

Francisco Adolfo Coelho - (Instituto de Camões -  Bibliografia)

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