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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Adolfo Casais Monteiro

 

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Nascido no Porto a 4 de Julho de 1908, licenciou-se em Histórico-Filosóficas na 1ª Faculdade de Letras do Porto, e exerceu, depois, o ensino liceal na mesma cidade, actividade de que foi demitido por motivos políticos. Pertenceu ao grupo da "Presença", já depois da sua fundação, vindo a ser um dos três directores (1931), com José Régio e João Gaspar Simões. À dissolução da revista, em 1940, não foi alheia a dissidência do autor. Em 1954 estabeleceu-se no Brasil, exercendo a docência universitária de literatura portuguesa nas universidades do Rio de Janeiro e de S. Paulo, dedicando-se, desde então, de modo mais intenso, à actividade ensaística e à colaboração crítica em vários jornais brasileiros. Em relação à sua poesia, bafejada de grandeza, de ritmo livre e livre inspiração, é de referir que o autor não adere nem ao Sobrerrealismo nem ao Concretismo, nem à coisificação da palavra poética, revelando um certa agonia de quem na terra se firma, e a outro além renuncia, atitude em que se conjungam temáticas de Fernando Pessoa, de Nietzsche, Walt Whitman, e do esteticismo de Gide, tudo fundindo numa afirmação humana de amarga desesperança. Faleceu a 23 de Julho de 1972 em São Paulo, Brasil.

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As suas obras principais foram:

Poesia -

"Poemas do Tempo Incerto" (1934),

"Sempre e Sem Fim" (1937),

"Canto da Nossa Agonia" (1942),

"Noite Aberta aos quatro ventos" (1943),

"Versos" (1944),

"Simples Canção da Terra " (1949),

"O Estrangeiro Definitivo" (1945),

"Voo Sem Pássaro Dentro" (1954);

Romance -

"Adolescente" (1945);

Ensaio -

"Considerações Pessoais" (1933),

"Sobre o Romance Contemporâneo" (1940),

"De pés fincados na terra" (1940),

"O Romance e os seus problemas" (1950),

"Fernando Pessoa, o Insincero Verídico" (1954),

"Estudos sobre a Poesia de Fernendo Pessoa" (1958),

"A Moderna Poesia Brasileira" (1956),

"O Romance (Teoria e Crítica)" (1964);

Traduções -

de Troyat, Unamuno, Tolstoi, Sartre, Balzac, Diderot, Carrel, Kirkegaard.

 

 

Mais informações em: pt.wikipedia

POEMA:

Madrugada


Ah! Este poema das madrugadas,
que há tanto tempo enrodilhado
num sem-fim de estados de alma
me obcecava, tirânico,
sem se deixar fixar! ...
Madrugada... e esta solidão crescendo,
esta nostalgia maior, e maior, e maior,
de não se sabe o quê
— nunca se sabe o quê...
que haverá nestas horas sozinhas e geladas,
para assim trazer à tona as indefinidas mágoas,
as saudades e as ânsias sem motivo
— de que não sabemos o motivo?...
Vieram as saudades do tempo de menino
— ou dum paraíso lá não sei onde?
Ah! que fantasmas pesaram sobre os ombros,
que sombras desceram sobre os olhos,
que tristeza maior fez maior o silêncio?
A que vem esse calor distante e absorto,
esse calar, esses modos distraídos?
Meu pobre sonhador! a esta hora
porventura se desvenda a Suprema Inutilidade?
e a definitiva ilusão de tantos gestos?
Interroga, interroga...
vai sonhando,
sem que saibas sequer o caminho que segues
vai, distraído e pensativo,
alheio de hoje,
vivendo já o derradeiro segundo...
Que a madrugada tem o pungir das agonias,
mas alheio, como o fim dum pesadelo...

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