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sábado, 10 de janeiro de 2009

Alberto de Lacerda

 ALBERTO LACERDA

Alberto Correia de Lacerda (Ilha de Moçambique, 20 de Setembro de 1928 — Londres, 26 de Agosto de 2007) foi um poeta português.

Biografia

Nascido no Norte de Moçambique, Alberto de Lacerda veio para Lisboa em 1946. Em 1951 fixou-se em Londres trabalhando como locutor e jornalista da BBC, efectuado um notável trabalho de divulgação de poetas como Camões, Pessoa e Sena. Nos anos seguintes viajou pela Europa e esteve no Brasil em 1959 e 1960. A partir de 1967 começa a leccionar na Universidade de Austin, no Texas, EUA, onde se manteve durante cinco anos, fazendo uma breve passagem pela Universidade de Columbia, de Nova Iorque, até se fixar, em 1972, como professor de poética, na Universidade de Boston, Massachusetts.

Estreou-se em Portugal com uma série de poemas publicados na revista Portucale. Foi um dos fundadores da revista de poesia Távola Redonda, juntamente com Ruy Cinatti, António Manuel Couto Viana e David Mourão-Ferreira. Os seus poemas foram traduzidos para o inglês, castelhano, alemão e holandês, entre várias outras línguas. É descrito como possuindo uma linguagem pouco adjectivada mas rica em imagística, reveladora de um mundo misterioso oculto na vulgaridade das coisas . Alberto de Lacerda é também autor de colagens, tendo chegado a expor, nos anos 80, na Sociedade Nacional de Belas Artes, de Lisboa.

Faleceu em Londres a 26 de Agosto de 2007. Apesar do número relativamente pequeno de obras publicadas, Lacerda deixou um vasto espólio e de grande importância, composto, nomeadamente, por correspondência com grandes figuras da cultura, estrangeiras e portuguesas, tais como Maria Helena Vieira da Silva e o marido Árpád Szenes ou ainda Paula Rego.

Obras publicadas

Poesia
  • 1955 - 77 Poemas
  • 1961 - Palácio
  • 1963 - Exílio
  • 1969 - Selected Poems
  • 1981 - Tauromagia
  • 1984 - Oferenda I
  • 1987 - Elegias de Londres
  • 1988 - Meio-dia (Prémio Pen Club)
  • 1991 - Sonetos
  • 1994 - Oferenda II
  • 1997 - Átrio
  • 2001 - Horizonte
  • ???? - Mecânica Celeste

Fonte: pt.wikipédia

 

 

Acervo de Alberto de Lacerda depositado na Fundação Mário Soares

Lisboa, 19 Jun 08 (Lusa) - O espólio documental e artístico de Alberto de Lacerda, incluindo uma arca cheia de cartas e manuscritos, vai ficar depositado na Fundação Mário Soares, em Lisboa, segundo um protocolo assinado hoje pelo herdeiro do poeta e o presidente daquela instituição.

"É um acervo imenso, com milhares de papéis, quadros, cartas, fotografias, discos. Foi preciso um camião TIR mais um atrelado para trazer tudo para Lisboa", disse à agência Lusa o herdeiro, Luís Amorim de Sousa.

"Agora vai ser tudo digitalizado e partilhado com o público", acrescentou.

O protocolo foi assinado pelo antigo presidente da República Mário Soares e Luís Amorim de Sousa, com a presença do ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro.

Alberto de Lacerda, nascido em Mocambique em 1928, morreu em Agosto passado em Londres, cidade onde viveu a maior da sua vida e onde publicou o primeiro livro, intitulado "77 Poemas".

Foi amigo de figuras proeminentes da cultura portuguesa, entre as quais Vieira da Silva, Sophia de Mello Breyner Andresen, Paula Rego e Mário Cesariny, e conheceu também Manuel Bandeira, Jorge Guillén, Octavio Paz, René Char e Bertrand Russel.

A sua obra publicada está reunida nos livros "Oferenda I e II" (dois volumes), "Átrio" e "Horizonte", todos eles editados pela Imprensa Nacional/Casa da Moeda

 

POEMAS:

Hino ao Tejo

 

Ó Tejo das asas largas

Pássaro lindo que se ouve em todas as ruas de Lisboa

Ó coroa duma cidade maravilhosa

Ó manto célebre nas cortes do mundo inteiro

Faixa antiga duma cidade mourisca

Fênix astro caravela liquida

Silêncio marulhante das coisas que vão acontecer

Deslizar sem desastres sem fado sem presságio

Tu ó majestoso ó Rei ó simplicidade das coisas belíssimas

Nas tardes em que o sol te queima passo junto de ti

E chamo-te numa voz sem palavras marejada de lágrimas

Meu irmão mais velho

Ilha de Moçambique

Desfeitos um por um os nós sombrios,

Anulada a distancia entre o desejo

E o sonho coincidente como um beijo,

Exalei mapas que exalaram rios.

 

Terra secreta, continentes frios,

Ardei à luz dum sol que é rumorejo

Para lá do que eu sou, do que eu invejo

Aos elementos, aos altos navios!

 

Trouxe de longe o palácio sepulto,

A cobra semimorta, a bandarilha,

E esqueci poços, prossegui oculto.

 

Desdém que envolve por completo a quilha,

Sou bem o rei saudoso do seu vulto,

Vulto que existe infante numa ilha.

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