Pesquisa personalizada

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Afonso Duarte

AFONSO DUARTE

Afonso Duarte

Nome: Joaquim Afonso Fernandes Duarte
Nascimento: 1-1-1884, Ereira, Montemor-o-Velho
Morte: 5-3-1958, Coimbra

Poeta, formou-se em Ciências Físico-Naturais pela extinta Faculdade de Filosofia de Coimbra. Exerceu funções docentes até ser aposentado de forma compulsiva pelo regime salazarista, em 1932, data a partir da qual se dedicou quase exclusivamente à obra literária e de investigação nos domínios da pedagogia e da etnografia. Tendo co-fundado, com António de Sousa, Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões e Vitorino Nemésio, a revista coimbrã Tríptico (1924), colaborou ainda em várias publicações periódicas, como A Águia, Contemporânea, Presença, Manifesto, Portucale, Notícias do Bloqueio, Cadernos de Poesia ou Litoral . As primeiras colectâneas poéticas de Afonso Duarte, coligidas em 1929 pelas edições Presença no volume Os Sete Poemas Líricos , revelam a influência do saudosismo em poemas elevados de tendência panteísta e visionária, embora, segundo Fernando Guimarães, a "sua inspiração saudosista, expressa num tom alargadamente pessimista ou elegíaco, (seja( reconvertida por uma intensificação verbal que se evidencia pela maneira como o uso da imagem, se considerarmos a sua superfície conceptual mínima, concorre para uma figuração essencialmente elíptica, a qual, algumas vezes, se aproxima das formas espontâneas, proverbiais ou epigramáticas da poesia popular." (cf. Poética do Saudosismo , Lisboa, Presença, 1988, p. 51.) A publicação de Ossadas, em 1947, reunindo composições escritas entre o início dos anos 20 e a primeira metade de 40, marca o modo como este autor foi sofrendo as alterações poéticas de um modernismo que, entre aquelas balizas cronológicas, se foi sedimentando e condicionando as opções estéticas de sucessivas gerações poéticas. Por outras palavras, a figura e a obra do autor de Ossadas surgiram, entre Presença e o aparecimento da colecção Novo Cancioneiro , como "um símbolo dos caminhos trilhados pela poesia portuguesa do século XX até meados da década de 50" (cf. MARTINHO, Fernando J. B. - Tendências Dominantes da Poesia Portuguesa da Década de 50, Lisboa, Colíbri, 1996, p. 296), vindo a desempenhar um papel magistral para autores da jovem geração neo-realista, como Carlos de Oliveira, que do autor de Ossadas colherá, entre outros traços, o sentido de contenção, de aparente simplicidade e de brevidade lapidar que caracterizavam a poética de Afonso Duarte (cf., por exemplo, "Ave Inquieta", in Lápides e Outros Poemas , "Poema breve/Como um canto de ave,/Ou a gota de água/Onde o céu se espelha; / Pólen da flor/E mel na abelha:/Poeta/Ou a ave inquieta/Que canta de amor./Não sei de outra dor/Tão bem sentida,/Com tanta raiz/Na fonte da vida"). Alguns desses nomes (Óscar Lopes, Carlos de Oliveira, José Terra) comparecem com textos de homenagem a Afonso Duarte no terceiro fascículo de Cadernos do Meio-Dia , publicado em Outubro de 1958, em memória de "um dos vultos mais exemplares" da "moderna poesia portuguesa", "Espírito aberto aos mais vastos horizontes da aventura poética" (cf. nota incluída no 2.º fascículo de Cadernos do Meio-Dia, cit. in MARTINHO, Fernando J. B. - ibi., p. 295), tendo já sido, aliás, da responsabilidade de Carlos de Oliveira e João José Cochofel a edição da Obra Poética de Afonso Duarte, em 1956.

Texto: Infopédia

OBRAS:

  • Tragédia do Sol Posto ((1914)
  • Os Sete Poemas Líricos (1929)
  • Ossadas (1947)
  • Post-Scriptum de um Combatente (1949)
  • Sibila (1950)
  • Canto da Babilónia (1952)
  • Canto de Morte e Amor (1952)
  • Obra Poética (1956)
  • Lápides e Outros Poemas (1960)
  •  

    POEMA

    Recordação


    Eu bem sei
    Que rodo em muitas esferas
    E não sei
    Por onde me levas, poesia.
    Quando vou,
    E não encontro ninguém,
    Tenho medo do que sei:
    Um filho de sua mãe
    E seu pai,
    Ou algum longínquo avó,
    A quem um poeta sai.
    Será também o Deus da infância
    E a árvore sagrada
    De frutos proibidos,
    Na fragrância
    Com que rasguei meus vestidos
    E não retirei os ninhos...
    Enchi de rosas a terra
    E levo nas mãos espinhos.

    Ver mais Poemas em:

    Sem comentários:

    Enviar um comentário