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sábado, 21 de março de 2009

António Cabral

António Cabral

António Cabral (António Joaquim Magalhães Cabral) nasceu em Castedo do Douro (Alijó), em 30.04.1931, e faleceu em 2007. Frequentou o curso teológico do Seminário de Vila Real e a licenciatura em Filosofia pela Universidade do Porto. Além de ter sido professor no ensino oficial, destaca-se no seu currículo o jornadear pelo país (centros culturais, escolas do ensino básico, secundário e universitário) e pelo estrangeiro, Galiza e Alemanha sobretudo, falando dos temas que lhe são preferidos: literatura, jogos populares e pedagogia do jogo. Na área pedagógica foi membro do Conselho de Redacção da revista galaico-portuguesa O Ensino. Professor de Cultura Geral, na Universidade Sénior de Vila Real.

Como animador sociocultural, fundou o Centro Cultural Regional de Vila Real (1979) de que foi o Presidente da Direcção até l991. É sobretudo na investigação e organização de festas de jogos populares que a sua acção tem sido mais notória, mesmo depois de 1991, ano em que passou a ser o Presidente da Assembleia Geral do CCRVR. "Expert" do Conselho da Europa no II Estágio Alternativo Europeu sobre Desportos Tradicionais e Jogos Populares (Lamego, 1982) e principal responsável pela organização dos Jogos Populares Transmontanos e Jogos Populares Galaico-Transmontanos, com início respectivamente em l977 e 1983. No âmbito do CCRVR fomentou a vida associativa, promovendo numerosos encontros. No FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis), que antecedeu o Instituto da Juventude, desempenhou os cargos de Delegado do Distrito de Vila Real e Coordenador da Zona Norte (l974-1976). Presidente da Direcção da ANASC (Associação Nacional de Animadores Socioculturais, fundada em 1995, e seguidamente Presidente da Assembleia Geral, função que já não exerce, participando em sucessivos congressos internacionais. Desde Março de 1996 até final de Janeiro de 2004, Delegado do INATEL no Distrito de Vila Real, o que lhe permitiu, segundo a sua inclinação, privilegiar a cultura popular.

No domínio das letras e das artes fundou em Vila Real a revista Setentrião (1962) e Tellus de que foi o primeiro director (1978), e o mensário Nordeste Cultural (1980). Promoveu, através do CCRVR, cinco encontros de escritores e jornalistas de Trás-os-Montes e Alto Douro: em Vila Real (1981), Chaves (1983), Bragança, Mirandela e Miranda do Douro (1984), Lamego, Régua e Alijó (l985) e Vila Real (1997). Agraciado com as medalhas de prata de mérito municipal de Alijó (1985) e de Vila Real (1990). Seleccionado para Maletas Literárias de duzentos livros portugueses, no programa Territórios Ibéricos -2004-2005. Colaboração dispersa por revistas e jornais portugueses e estrangeiros, salientando-se recentemente a colaboração semanal (Novembro de 1993 – Janeiro de 1995) no jornal Público, com textos sobre tradições populares, no Semanário Transmontano, com a rubrica Entre Quem É, e ainda no Entre Letras (Tomar), Notícias do Douro e Notícias de Vila Real. Na internet é também um dos autores permanentes do NetBila. Participação em programas de rádio e de televisão, colectâneas escolares, obras colectivas e antologias de poesia como: Poesia Portuguesa do Pós-Guerra, Poesia 71, Oitocentos Anos de Poesia Portuguesa, Hiroxima, Vietname, Poemabril, Ilha dos Amores, O Trabalho, Poetas Escolhem Poetas. Ao Porto – colectânea de poesia sobre o Porto, De Palavra em Punho – antologia poética da resistência, Antologia Neruda/cem anos depois, etc. Alguns poemas de AC foram cantados por Manuel Freire, Correia de Oliveira e Francisco Fanhais. Prefaciou e/ou fez a apresentação de diversos livros, entre eles, Cantar de Novo, de José Afonso (Tomar, l971) e Ser Torga, de Fernão Magalhães Gonçalves (Porto, 1992), e também de obras de escritores transmontanos com projecção nacional como Bento da Cruz e A.M. Pires Cabral.

Bibliografia

Poesia

  • 1951 - Sonhos do meu Anjo

  • 1956 - O Mar e as Águias

  • 1958 - Falo-vos da Montanha

  • 1960 - A Flor e as Palavras (1º Prémio de Manuscritos do SNI)

  • 1965 - Poemas Durienses

  • 1967 - Os Homens Cantam a Nordeste

  • 1971 - Quando o Silêncio Reverdece

  • 1977 - Emigração Clandestina

  • 1979 - Aqui, Douro

  • 1983 - Entre o Azul e a Circunstância

  • 1997 - Bodas Selvagens

  • 1999 - Antologia dos Poemas Durienses

  • 2000 - O Peso da Luz nas Coisas.

  • 2003 - Ouve-se um Rumor e Entre Quem É

  • 2003 - Contos de Natal para Crianças

Ficção

  • 1983 - Festa em Setembro
  • 1990 - Memória Delta
  • 1995 - A Noiva de Caná
  • 2005 - O Prometeu Agrilhoado Hoje
  • 2006 - O Rio Que Perdeu as Margens

Teatro
  • 1975 - O Herói (2º prémio da Academia Teresopolitana de Letras, Teresópolis, Brasil, em 1964)
  • 1976 - Temos Tempo
  • 1977 - A Linha e o Nó
  • 1977 - 7 Peças em um Acto
  • 1994 - Semires
  • 2005 - A Moura Encantada
  • 2006 - A Fraga das Dunas

Ensaio

Literatura
  • 1965 - História da Literatura Portuguesa
  • 1971 - Morfologia Literária
  • 1977 - Miguel Torga, o Orfeu Rebelde

Etnografia e Antropologia
  • 1985 - Cancioneiro Popular Duriense
  • 1986 - Jogos Populares Portugueses
  • 1988 - Os Jogos Populares – Onze Anos de História: 1977-1988
  • 1991 - Jogos Populares Infantis
  • 1998 - Jogos Populares Portugueses de Jovens e Adultos
  • 1991 - Jogos Populares e Provérbios da Vinha e do Vinho
  • 2001 - A Cantiga e o Romance Popular no Alto Douro

Ludoteoria
  • 1981 - Os Jogos Populares e o Ensino
  • 1990 - Teoria do Jogo
  • 1992 - A Imitação e a Competição no Jogo Infantil
  • 1995 - O Modelo Lúdico do Ensino-Aprendizagem
  • 1999 - Tradições Populares – I
  • 1999 - Tradições Populares – II
  • 2001 - O Jogo no Ensino, Editorial Notícias

Fontes: Projecto Vercial e Pt.Wikipedia

POEMA

AQUI, O HOMEM


Nem Baco nem meio Baco!:
                Aqui é o homem,
desde as mãos ossudas e calosas,
desde o suor
ao sonho que transpõe as nebulosas.
Montes de pedra dura,
              gólgotas
onde os geios são escadas!
Venham ver como sobe o desespero
e a esperança, de mãos dadas.
É o homem.
        Isso é o homem.
– Nem sátiro nem fauno –
Uma vontade erguida em rubro gládio
que ganha a terra, palmo a palmo.
Vinhas que são o inferno,
                   o único
em que o fogo é a taça da alegria!
Venham ver um senhor
grandioso como o sol ao meio-dia.
Nem Baco nem meio Baco!:
                Aqui é o homem
que nada há que não suporte
mas suporta e persiste.
Aqui é o homem até à morte.   

    
Poemas Durienses. – Vila Real : Minerva Transmontana (comp. e impr.), 1963

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