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sábado, 7 de março de 2009

Antero de Quental - Infopédia

 Antero de Quental

Antero de Quental

Nome: Antero Tarquínio de Quental
Nascimento: 18-4-1842, Ponta Delgada
Morte: 11-9-1891, Ponta Delgada


Antero de Quental é entre nós o grande criador de uma poesia filosófica romântica, influenciada pelos modelos alemães. Nasce em Ponta Delgada, no seio de uma família nobre e com tradições literárias da ilha de S. Miguel. Em 1852, vai para Lisboa estudar no Colégio do Pórtico, fundado por António Feliciano de Castilho, com quem já aprendera francês e latim em Ponta Delgada, entre 1847 e 1850. Um ano depois regressa a S. Miguel, de onde partirá em 1855 para Coimbra, a fim de fazer os estudos preparatórios para o ingresso na Universidade. Aos dezasseis anos, inicia o curso de Direito. Durante a sua permanência em Coimbra, assume-se como uma figura influente no meio estudantil coimbrão, tomando parte em várias manifestações académicas. É por esta altura que contacta com os novos autores e correntes europeias - o socialismo utópico de Proudhon, o positivismo de Comte, o hegelianismo, o darwinismo, as doutrinas de Taine, Michelet, Renan, o romantismo social de Hugo - e, segundo confessará mais tarde, perde a fé. Em 1861, publica em edição limitada os Sonetos de Antero, obra dedicada ao poeta João de Deus, e, dois anos depois, os poemas Beatrice e Fiat Lux. Em 1865, publica as Odes Modernas, poesias de romantismo social, acompanhadas de uma "Nota sobre a Missão Revolucionária da Poesia". Em resposta à reacção crítica de Castilho na carta-posfácio ao Poema da Mocidade, de Pinheiro Chagas, publica os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, que desencadearam a Questão Coimbrã. Ainda no contexto da Questão Coimbrã, bate-se em duelo com Ramalho Ortigão, de quem viria a tornar-se amigo. Decide aprender o ofício de tipógrafo, primeiro em Lisboa e depois em Paris, onde conhece Michelet e lhe oferece um exemplar das Odes Modernas. Regressado a Lisboa em 1868, e depois de uma curta viagem à América do Norte, reúne-se com os seus antigos condiscípulos de Coimbra no "Cenáculo", grupo onde se discutem as doutrinas recentes e se descobrem os novos poetas (Baudelaire, Gautier, Nerval, Leconte de Lisle e o redescoberto Heine); fruto destes encontros, criação colectiva da Geração de 70, nasce o poeta satânico e dândi Carlos Fradique Mendes. Em 1871, organiza as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, proferindo as duas primeiras, O Espírito das Conferências e Causas da Decadência dos Povos Peninsulares. No rescaldo da interrupção e da proibição das Conferências, consideradas subversivas pelo Governo, Antero vive a sua fase política mais intensa, fundando, com José Fontana, a I Internacional Operária em Portugal e também o jornal O Pensamento Social. Por esta altura, publica as Primaveras Românticas e as Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa. A partir de 1873, manifestam-se-lhe os primeiros sintomas de uma grave doença nervosa, que as mortes próximas da mãe e do pai acentuam, que o leva a consultar em Paris o famoso neurologista Charcot e a submeter-se, entre 1877 e 1878, a tratamentos de hidroterapia. Em 1875, publica uma segunda edição das Odes Modernas, atenuando-lhes o cunho revolucionário. Em 1880, adopta duas órfãs, filhas do amigo e antigo colega de Coimbra Germano Meireles. Nessa altura, devido à doença, isola-se em Vila do Conde, continuando a escrever sonetos e ensaios filosóficos. Em 1886, publica os Sonetos Completos e o ensaio A Filosofia da Natureza dos Naturalistas. Em 1887, redige a célebre carta autobiográfica a Wilhelm Storck, seu tradutor alemão. Em 1890, publica o estudo filosófico Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX. No mesmo ano, em virtude do Ultimato inglês, regressa temporariamente à actividade pública, aceitando a presidência da efémera "Liga Patriótica do Norte". Em 1891, suicida-se em Ponta Delgada.

Bibliografia: Da imensa bibliografia de Antero de Quental salientam-se Sonetos de Antero, 1861 (poesias); Beatrice, 1863 (poema); Fiat Lux, 1863 (poema); Odes Modernas, 1865 (poesias); Bom Senso e Bom Gosto, 1865 (opúsculo); A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, 1865 (opúsculo); Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa, 1871 (ensaio); Primaveras Românticas, 1872 (poesias); Odes Modernas, 2.ª edição, 1875 (poesias); Tesouro Poético da Infância, 1883 (colectânea de poesias); A Filosofia da Natureza dos Naturalistas, 1886 (ensaio); Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX, 1890 (ensaio); Raios de Extinta Luz, 1892 (poesias, edição póstuma).

Fonte:  In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-03-06].

 

Outras Ligações:

  • Geração de 70
  • Biografia em arqnet.pt
  • Biografia em "Vidas Lusófonas"
  • Obras de Antero de Quental na Biblioteca Nacional Digital
  • Obras de Antero de Quental no projeto Gutenberg
  • Biografia no wiki da República e laicidade - Associação Cívica
  • Biografia no site da República e laicidade - Associação Cívica
  • Instituto Camões (biografia)
  • Antero de Quental (pt.wikipedia)
  •  

    Poema:

    IV

    Nós somos loucos, não somos? 
    Desta louca poesia,
    Desta riqueza dos pobres
    Que se chama fantasia!

    Ergamos pois nossa tenda
    E nosso lar de pobreza
    No mais ermo desses montes,
    No fundo da natureza.

    Se o frio apertar connosco,
    Pois não temos mais calores,
    Aqueceremos os membros
    Na fogueira dos amores!

    Se for grande a nossa sede,
    Tão longe da fonte fria,
    Contentar-nos-emos, filha,
    Com as águas da poesia!

    Assim à nossa pobreza
    Daremos a Imensidade...
    Que com isto se contente
    Nossa pouca seriedade.

    E, pois somos loucos, vamos
    Atrás dos loucos mistérios...
    Deixemos ricas cidades
    Ao sério dos homens sérios!

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