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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Amadeu Baptista

 Amadeu Batista

Amadeu Baptista

Poeta português, nascido a 6 de Maio de 1953, no Porto. Membro da Associação Portuguesa de Escritores e do Pen Clube Português, publicou, entre outras obras, As Passagens Secretas (1982), Green Man & French Horn (in A Jovem Poesia Portuguesa/2, em colaboração com Helga Moreira e Jorge Velhote - 1985), Maçã (1986), Kefiah (1988), O Sossego da Luz (1989) e Desenho de Luzes (edição galaico-portuguesa de 1997), As Tentações (1999), A Noite Ismaelita (2000), A Construção de Nínive (2001), Paixão (2003), O Claro Interior (2004), Negrume (2006) e O Bosque Cintilante (2007).

A sua obra, editada ou em vias de publicação, foi já alvo, por diversas vezes, de galardões, como, por exemplo: o Prémio José Silvério de Andrade - Foz Côa Cultural, 1985; o Prémio Pedro Mir - Revista Plural, na categoria de Língua Portuguesa, na Cidade do México, em 1993; o Prémio Vítor Matos e Sá - Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 2001; o Prémio Teixeira de Pascoaes, em 2004; o Prémio de Poesia e Ficção de Almada, também em 2004; e o Prémio Nacional Sebastião da Gama, em 2007.

Segundo o docente, investigador e também poeta Luís Adriano Carlos, Amadeu Baptista, na sua poesia, “(...) exprime a dilaceração tumultuosa da consciência face à contradição quotidiana de quem habita níveis existenciais não comunicantes (...)".

Tem colaboração dispersa em diversas publicações nacionais - designadamente em Vértice, Colóquio/Letras, Jornal de Letras e Nova Renascença - e estrangeiras. Colaborou também em livros colectivos e antologias, não só em Portugal como também na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, EUA., Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália, México, Roménia e Uruguai, e organizou as antologias seguintes: Quanta Terra!!! - Poesia e Prosa Brasileira Contemporânea (2001), Álbum de Acenos - Antologia de Poesia e Fotografia (2001) e Poesia Digital - 7 poetas dos anos 80 (2003), em colaboração com José-Emílio Nelson.

Alguma da sua obra poética encontra-se traduzida em alemão, castelhano, catalão, francês, hebraico, italiano, inglês e romeno.

Fonte: In Infopédia - Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-02-06].  Infopédia

    Amadeu Batista - Livro

    Obras publicadas

       

  • 1982 - As Passagens Secretas, Coimbra

  • 1985 - Green Man & French Horn (incluído em A jovem poesia portuguesa / 2, juntamente com Helga Moreira e Jorge Velhote), Porto

  • 1986 - Maçã (Prémio José Silvério de Andrade - Foz Côa Cultural, 1985), prefácio de Maria da Glória Padrão, Porto

  • 1988 - Kefiah, prefácio de Floriano Martins, Viana do Castelo

  • 1989 - O Sossego da Luz, posfácio de Vergílio Alberto Vieira, Porto

  • 1997 - Desenho de Luzes (edição galaico-portuguesa), Corunha, Galiza, Espanha

  • 1999 - Arte do Regresso (Prémio Pedro Mir, na categoria de Língua Portuguesa, promovido pela revista Plural, da Cidade do México, para Cúmplices, 1.º capítulo deste livro, 1993), Porto

  • 1999 - As Tentações, Santarém

  • 2000 - A Sombra Iluminada (incluído em Douro: Um Percurso de Segredos, em colaboração), Peso da Régua

  • 2000 - A Noite Ismaelita, Guimarães

  • 2001 - A Construção de Nínive, Porto

  • 2003 - Paixão (Prémio Vítor Matos e Sá, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2001 e Prémio Teixeira de Pascoaes, 2004), Porto

  • 2003 - Sal Negro (in Sal Negro Sal Branco, acompanhado de fotografias de Rosa Reis), Almada

  • 2003 - O Som do vermelho - Tríptico Poético sobre pintura de Rogério Ribeiro, prefácio de Ana Isabel Ribeiro, Porto

  • 2004 - O Claro Interior (Prémio de Poesia e Ficção de Almada, 2000), prefácio de Emília Ferreira, Almada

  • 2004 - Salmo (com a reprodução de um desenho de Rogério Ribeiro), Porto

  • 2006 - Negrume (com desenhos de Ana Biscaia), Lisboa

  • 2007 - Antecedentes Criminais (Antologia Pessoal 1982-2007), Vila Nova de Famalicão

  • 2007 - O Bosque Cintilante (Prémio Nacional Sebastião da Gama, 2007), Vila Nova de Azeitão (ed. fora do mercado)

  • 2007 - Balada da Neve e Outros Poemas, Maputo, Moçambique

  • 2008 - Outros Domínios (clamor por Florbela Espanca) (Prémio Literário Florbela Espanca, 2007), prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho, Vila Viçosa

  • 2008 - O Bosque Cintilante (Prémio Nacional Sebastião da Gama, 2007), Maia

  • 2008 - Sobre as Imagens (vencedor da edição portuguesa do Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica, instituído pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e pelo Ayuntamiento de Punta Umbria, com a colaboração da Sulscrito — Círculo Literário do Algarve), Maia

  • 2008 - Poemas de Caravaggio (vencedor do Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire 2007, promovido pela Câmara Municipal de Benavente; vencedor do Prémio de Poesia João Lúcio, promovido pela Câmara Municipal de Olhão, relativo a livros de poesia publicados entre o ano de 2006 e o primeiro semestre de 2008), prefácio de Joana Ruas, Maia

  • 2008 - Os Cavalos a Correr (poemas para crianças), ilustrado por Estela Baptista Costa

  • 2008 - Açougue (vencedor do XVI Prémio de Poesia Espiral Maior), Galiza, Espanha

  • 2009 - Os selos da Lituânia (vencedor ex-aequo do Prémio Literário Cidade do Funchal - Prémio Edmundo Bettencourt - Poesia 2008, promovido pela Câmara Municipal do Funchal), Lisboa

Fonte: pt.wikipédia

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POEMA

A NOITE DE PAVESE

Raras vezes me franquearam a porta
e me deixaram entrar. A febre
sitia-me a alma e quem me vê
assusta-se do aspecto do meu rosto,
esta barba por fazer onde um rouxinol
se esconde. E mais ainda assusta
a minha altura, este lugar de vertigem
e palavras poderosas, a presença
de ilimitados segredos que ninguém quer conhecer,
o estremecimento que corre nos meus ombros.
Embora nada peça, sabem que sou um pedinte.
E quando entro nas casas os meus gestos
afeiçoam-se a alguma coisa enigmática
que contorna o pavor e o entrega
por não se saber que espécie de vida ou de morte
vem comigo. Obviamente, eu abençôo
quem me deixa entrar, dou a entender
que alguma coisa brilha nas minhas mãos
e posso matar a fome com uma ou outra palavra
próxima do amor, um dedo nos cabelos
de quem me recebe. Subi as escadas que vão dar a esta casa
em silêncio e em silêncio aceitei que me aguardassem
com as inefáveis sombras que vejo nos outros
e tento decifrar para meu contentamento.
Mandaram-me sentar e deram-me de beber.
Esse álcool reconfortou-me a alma.
E a minha gratidão expressa-se deste modo, limpo
e nítido, observando a mulher nesse sem fim
das coisas, onde todos os mistérios avançam
para uma explicação que a qualquer momento
pode irromper do espírito como uma explosão.
Olho-te nos olhos e recebo as duas moedas
que me ofereces, o teu rosto é-me familiar
se recuar à infância e subitamente perceber
que também pertenci ao exercício desta árvore
que nesta sala se levanta. Em frente,
na fotografia que o meu olhar alcança
porque me alcança o olhar que dela se desprende,
inscreve-se o enigma que me fez aqui chegar,
mais que um rumor ou um fio ténue
com o nome de todas as coisas inesperadas
que me aconteceram na vida, sempre
que me franquearam a porta e me deixaram entrar.
Agora, com a memória de ter estado em tua casa
e ter recebido a graça de alguma atenção,
eu, que sou pedinte embora nada peça,
entrego-te este sulco da desordem
sobre a página em branco e agradeço-te
com o conhecimento de um outro mundo
ainda mais inexplicável.
Não tendo havido despedida, sabe que permaneço
e na encruzilhada das dores que me couberam viver
não esquecerei o teu nome no dia em que também tiver partido
e mais nenhuma luz houver além daquela
que ilumina o teu rosto na solidão da noite.
Os anjos esperam-me. Não me é possível demorar.
Que me seja a alba a tua tolerância.

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