I
Abel Acácio de Almeida Botelho (1855-1917) nasceu em Tabuaço, distrito de Viseu em 23 de Setembro de 1855, filho de um militar e de uma senhora descendente de lavradores abastados. Tendo o pai falecido prematuramente, Abel Botelho ingressou no Colégio Militar como pensionista do Estado, tendo aí estudado de 1867 a 1872. Saiu do colégio com o posto de aspirante, matriculando-se na Escola Politécnica.
Casou em 1881 com uma senhora de origem nobre.
Abel Botelho começou por escrever poesia, tendo publicado em 1885 no Porto a colectânea Lira Insubmissa.
Seguiu entretanto a carreira das armas, chegando a coronel em 1906. Foi nesse ano nomeado Chefe do Estado Maior da 1ª Divisão Militar. Em 1911 passa à situação de adido, desempenhando funções diplomáticas no Ministério dos Negócios Estrangeiros até à sua morte ocorrida na Argentina em 24 (?) de Abril de 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. Foi por influência sua que a Argentina se tornou o primeiro país a reconhecer o regime republicano em Portugal.
A ele se fica a dever o projecto grafico da bandeira da República Portuguesa, em que o verde representa a esperança e o vermelho o sangue derramado pelo povo nas muitas guerras travadas.
Abel Botelho colaborou em várias publicações, de que se destacam O Século, O Dia, O Ocidente, A Ilustração, a Revista Literária e O Repórter (que chegou a dirigir).
Com o romance O Barão de Lavos (1891), Abel Botelho inicia o ciclo que intitulou de «Patologia Social», pretendendo com este ciclo criticar os vícios da sociedade. Desta forma se insere na chamada literatura naturalista.
Obras
Germano (1886) Claudina (1890) O Barão De Lavos (1891) Os Vencidos Da Vida (1892) Jucunda (1895) A Imaculável (1897) O Livro De Alda (1898) Sem Remédio (1900) Amanhã (1901) Os Lázaros (1904) Fatal Dilema (1907) Próspero Fortuna (1910) Amor Crioulo (1913)
II
Casa onde nasceu Abel Botelho
Localização
Viseu, Tabuaço, Tabuaço
Acesso
Rua das Ameixoeiras, n.º 17 e 19; Gauss: M - 247683, P - 461213, CMP, fl. 127
Enquadramento
Urbano, a meia encosta, adossado a edifícios de habitação nas fachadas E. e O., implantado em rua com imóveis de cariz rural de diversas épocas, alguns descaracterizados, localizando-se, nas suas proximidades, nomeadamente a O, no Largo do Terreiro, um edifício solarengo e a Igreja Matriz de Tabuaço, a S., no Largo 5 de Outubro.
Descrição
Planta rectangular, ligeiramente irregular, de dois pisos, adossado a edifícios pelos alçados E. e O., de disposição horizontalista das massas, com coincidência entre o exterior e o interior e cobertura homogénea, de telhado a três águas. Edifício de dois pisos, com a fachada principal voltada a S., em cantaria de granito aparente, em aparelho "opus incertum", com embasamento saliente, cunhal apilastrado no lado direito e remate em friso e cornija saliente. É rasgada, no piso inferior, por duas portas em arco abatido, com moldura saliente recortada e com brincos e remates em pequena cornija, que se fundem com os aventais recortados e terminados em borla das janelas do piso superior, em arco abatido. Fachada E. adossada a edifício habitacional, apenas deixando antever a pilastra do cunhal e o registo cego do piso superior, composto por alvenaria granítica aparente. Fachada O. adossada a edifício incaracterístico. Fachada posterior e INTERIOR não observado.
Utilização Inicial
Residencial: casa
Utilização Actual
Residencial: casa
Propriedade
Privada: pessoa singular
Época Construção
Séc. 18 / 19 / 20
Cronologia
Séc. 18 - data de construção do edifício, provavelmente sobre estruturas mais antigas; 1854, 23 Setembro - Abel Acácio de Almeida Botelho nasceu em Tabuaço, nesta casa, segundo Gonçalves Monteiro, no Solar das Bem Hajas, na opinião de Macedo Fernandes *1; 21 Novembro - baptizado de Abel Botelho na igreja de Tabuaço; 1917, 24 Abril - falecimento de Abel Botelho em Buenos Aires, Argentina; 2005, 24 Setembro - colocação de uma lápide no edifício, no âmbito das comemorações dos 150 anos do nascimento do escritor.
Tipologia
Arquitectura residencial, barroca. Edifício de planta rectangular e dois pisos, rasgados por portas no andar inferior e janelas superiores com molduras recortadas.
Características Particulares
Edifício bastante simples, em cantaria apenas na fachada principal, sendo as restantes em alvenaria, destacando-se os vãos de ambos os pisos, a fundirem-se, criando aventais recortados com borlas, surgindo, nas portas do primeiro piso brincos. Destaca-se, essencialmente, pelo facto de no edifício ter nascido o diplomata e escritor Abel Botelho.
Dados Técnicos
Estrutura autoportante.
Materiais
Granito em cantaria e alvenaria na estrutura, cantaria nos cunhais e modinaturas; xisto; cimento; telha cerâmica; madeira de castanho; madeira de carvalho; madeira de pinho; ferro forjado.
Intervenção Realizada
PROPRIETÁRIO: séc. 20, década de 90 - obras no interior e remoção dos rebocos das fachadas exteriores.
Autor e Data: Gustavo Almeida 2002
III
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